Fita uma rota, faz uma bola
amassa, arremete, amarrota.
Na lixeira dos olhos no mundo
vendo tudo e uma untuosa esmola
que pelos dedos escorre.
Conformismo e coração rejeitado
condomínio de um domínio absoluto.
Há coisas especiais que se ama e preza.
Há verdades, há reles coitados.
Já foi, é ou será cedo
assumindo tal culpa, nesse sol nascendo.
Admito: estou envergonhado
e avermelhado com tamanha beleza.
As pegadas são honestas
prolixas, mas reais.
Nas folias que me aceitei de palhaço
no meu coração ficaram dois traços
um xis de açúcar e sal.
Enfim, já foi o passado
ficou a lembrança
das derrotas e talhas
distintas batalhas
lapidando o brilhante
da paixão como herança.
André Anlub®
------------------------------------------
Corações inteligíveis
Nesse amor descolado, desnudo
Das mais gostosas traquinagens
Organizando as engrenagens
Desorientando meu mundo.
Acordo afogado no pranto
Praticamente um tsunami violento
Que fez-me lembrar dos tantos encantos
Que migraram para o desejo vagabundo.
O tempo se esgota, é a gota d’água
Que desagua na grota e no vento
Pois invento a lorota da mágoa
Por não encontrar meu contentamento.
Perco a razão do vivente
Mas no convívio, dentro de um conto
Lapido do meu jeito o sonho
E à francesa saio pela tangente.
Ah, sei que o seu pensamento é só meu
E em um breve instante, em branco
Escorrem os pigmentos mais francos
E colorem todo o nosso apogeu.
André Anlub
------------------------------
Num dia quente de verão
Brota um amor quente
Que faz quentes a alma e o coração...
E só assim "fico frio"!
Hora do recreio
Quem será o guardião desse coração:
Tão intenso, raro e quente.
Nesse vai e vem do povo a cólera passa rente...
Tentando roubar o puro,
Esconder o tesouro,
Cavando um túmulo
E matando os loucos.
Tudo se transforma na fala
Da saliva da ponta da língua.
Na palma da mão que entorna a raiva,
Perdendo-se no céu anfitrião.
Sendo o alicerce mais forte,
Fez-se o castelo - nasce o coveiro...
Que rompe vis elos,
Enterra as contendas.
Encarcera o faqueiro que insiste no corte.
A verdade mostra para que veio
E o ópio evapora na veia.
Surge a sorte pisando na morte,
Tornando o instante um instante perfeito.
O som é mais ameno,
No feliz badalar dos sinos
Para a hora do recreio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradecemos pela leitura.