Insanidades
Teria que ter sido pelo menos companheira
Mesmo não cobrando o amor que ela devia
Não importa cargas d’água tenha denegado
Diz que viu duendes, vacas voando, unicórnio alado.
Teria que ter sido pelo menos afeição
Mesmo se nada cobrassem, nem um beijo perspicaz
Nem se o desejo vem ao acaso ter sido esnobado
Meu corpo era seu leito, do seu jeito ao seu agrado.
Teria que ter sido pelo menos sincera
Calada no nosso leito, fechando-se e indo ao sono
Trancada a sete chaves, deixando-me em abandono
Parte da realidade pintada como quimera.
Teria que ter sido pelo menos uma verdade
Sendo personagem da imaginação mais fértil
Viva no papel, nas idéias, um lindo sonho
Que me deixa cancro exposto, frágil e medonho.
André Anlub
---------------------------------------------------------------------------------------
Hospício
Salientaram no hospício
Ninguém iria comer
Injeções na testa...
Mais que um sacrifício.
Uma doutrina errada,
Condições terríveis,
Faces amarguradas...
Pessoas mais que sensíveis.
Não tinham valor algum,
Exclusos da sociedade,
Pessoas novas e de idade...
Somavam um mais um.
Indigentes, obscenos
Cenas do dia a dia,
Pretos, brancos, morenos...
Sujeitos à revelia.
Desprezados pela verdadeira família,
Inúteis sem poder reciclar,
Cães expulsos da matilha...
Sem ter mais em quem amamentar.
Aos montes iam se definhando,
Em um frenético vai e vem,
Homens mortos andando...
Passos calmos pro além.
André Anlub
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradecemos pela leitura.