15 de dezembro de 2010
Inocente e Réu
Onde andei, por caminhos difíceis, sombrios e íngremes
Descobri a esperança, o renovar de cada andança, caridades e crimes
Passeando e observando no caminho, pássaros que vão e vem com gravetos no bico
Lembro de outras épocas, ninhos de cantos e gemidos.
Uma vida de baixos e apogeus.
Sinto saudade, sinto o perdão que outrora não conhecia
Aprendi, durante esses anos vividos, a amar e saciar a quem me sacia.
Doar-me mais e cobrar menos, a ser moderno amando o eterno, ser bom aprendiz
Aprendi a controlar minha raiva, ter paciência, pisando em ovos passando feliz.
Nesse caminho, a luz de fogos, declamo mansinho os versos teus
O vento mexe as margaridas, campos de trigo, a minha vida, baú de amigos.
Em outra vida eu fui um rei, ou fui um príncipe, bobo da corte ou um plebeu
Quem sabe hoje eu te visito e faço um bolo aos sons antigos.
Só tu e eu.
Na paisagem de tua janela, de frente ao lago, o pôr do sol
E no crepúsculo, ouvindo os sapos, os violinos, clave de sol
Sinto o toque divino, no verde e no azul piscina do céu
Vejo que ainda sou menino, sou desde pequeno, inocente e réu.
André Anlub
27 de novembro de 2010
Diamantes de Sangue
Como um presente esperado
Nas mãos, aquecidas com luvas
Estendidas e espalmadas
Lisas e leves como plumas.
Alcançam um inferno estrelado
Abafam gemidos e gritos de dor
Que por fim, pensa que toca o amor
Coroam um rei e seu reinado
Ouvindo o mais terrível louvor.
Um diamante vindo da África
De suor, de sal e sangue
São pedras, a saga de uma gangue
Que alimentam, com a fome, sua máfia.
O povo, com humildade e inanição
Comete em si próprio, eutanásia
Perde o orgulho para a ambição
Não vê que de certas bocas saem falácias
E anda, por pura vontade, na contramão.
E assim, mais uma vez explorado
Sem arma, comida e força
Um continente, que o contente ficou atolado
Tem o tamanho, a dimensão da sua forca!
André Anlub
15 de novembro de 2010
Uma Carta
Olhem a carta que ela escreveu para mim:
Termino aqui nossa relação
Abra a geladeira que irá ver que comi todo o pudim
Dei para os pombos todo o pão
Joguei óleo queimado no seu jardim
Pintei com esmalte todos os seus quadros
Rasguei as fotos das suas ex
Pintei de rosa seus armários
Você nem reparou, já faz um mês
Apaguei seus contatos de e-mail
E todas as músicas do mp3
Eu quero mesmo criar devaneios
Faria tudo isso outra vez
Coloquei roupa de bailarina no seu Pitbull
O Saddam ficou uma gracinha
Pode me mandar tomar cajú
Porque ainda desfilei com ele na nossa pracinha
Joguei no seu carro o resto do saco de polvilho
Fiz um bigode na foto da sua mãe
Xinguei o operador do pay per view
Já não vai poder mais ver o brasileirão.
To be continued.......
André Anlub [Poeteideser]
25 de outubro de 2010
Inquilino
Pela sutileza do olhar de Rosa, já sabia o que queria, não devidamente falado, não claramente pensado, mas sempre demonstrava com o olhar o que antes pensara. Um domingo como qualquer outro, frio lá fora, as árvores cobertas com uma fina camada de orvalho balançavam com o vento forte e gelado que vinha do sul. Aqui dentro, nessa casa velha de madeira e forno a lenha, a temperatura era mais amena, enquanto houvesse lenha haveria calor, os cupins comendo as paredes, uma velha escrivaninha no canto da sala brilhava porque recebera um presente meu, uma lata de verniz que achei no porão; fez a mesma que outrora estava sem vida, ficar linda, com jeito pueril, uma anciã tornando-se novamente criança.
Entardeceu, nuvens negras no céu, eu e Rosa no ostracismo nessa casa, sem recursos, com inúmeras goteiras, o que poderia mais acontecer, nos perguntávamos. Lá de fora ouvimos um som estranho um pouco abafado e sem direção, o som foi aumentando, ficando bem mais perto e mais grave, claro e objetivo, era um urso pardo, grande, e pelo cair de suas babas, faminto; corremos para o porão, não havia luz no âmbito, nem pela janela entrava algum filete de luz, a mesma havia sido coberta por pedaços de galhos e árvores que caíram.
A porta da sala foi-se abaixo, o urso havia entrado, foi de encontro a nossa mesa, esbarrou no rádio que caiu e ligou, ficamos todos ao som de uma música calma e bela. Não dando atenção ao ocorrido comeu o resto de provisões que tínhamos, e depois se deleitou, dormindo, com o calor da lareira e ao som de Carole King.
André Anlub (28/6/09)
26 de setembro de 2010
POLITICAGEM (Parte 1)
Se liga que vou te contar agora
Como acontece essa triste estória
O lado mais pobre um trabalho árduo
O outro lado representa a escória
Uns morrem de fome numa fila
Outros compram porcelana
Uns se perdem da família
Outros brigam por herança.
Viver com dividas não é vantagem
Você é quem paga essa politicagem
É vereador, deputado, senador ou presidente.
E o povo ta doente ta sem dente ta demente
Politicagem os babacas e as bobagens.
Cara de pau, ipê, jacarandá
Até onde essa zona vai parar.
Pra tudo ele tem resposta
Sempre uma proposta
Sem jeito, indecorosa
Sobe em um palanque
Um terno, uma gravata
Com um sorriso
Preparando a mamata.
Estende as mãos
Estende os braços
Se desfaz em pedaços
Tudo vai resolver.
O mundo ficar quadrado
O inferno, congelado.
É só ele prometer.
Já sabem de quem eu falo ?
Mas é melhor, eu me calo
Se não, vão me prender.
Vou indo sem rumo sem graça
Andando por toda praça
Até desaparecer.
André Anlub
POLITICAGEM (Parte 2)
É um pais que reina a violência
Um governo uma indecência
Discursos sem coerência
Sem jeito nem vontade de mudar.
Vai chegando a época
Aparece a solução
Para fome os buracos o transito,
É eleição!
Aumento de salário,
Acabar com as filas
Escola para as crianças
É ilusão para as famílias.
Invadem os rádios, os postes e a tv
Depois o sujo o porco é você
Enganam o povo, falam mentira
Estão loucos pra mudar lá pra Brasília
Ms essa história não termina aqui
sem um emprego virando faquir
faça uma greve ou vá para as ruas
saia da lama
a escolha é sua..
E assim levamos a vida
Abrindo e fechando a ferida
Lutando pra isso acabar
Durmo assustado também
Rezando esperando alguém
Pra tudo melhorar, amém...
André Anlub maio/2002
NÓDOA (Integra)
Passou percebido como um terremoto
Teceu vários olhares
Sons inóspitos para alguns
Agradáveis para milhares
Rebeldia de uma meretriz
Capitalista convencional
Compra, comprará, comprou, quem quis
Absolutamente fenomenal
Mulher perfeccional e pérfida
Adjunta de tudo e todos que te convém
Sua índole muito maléfica
Fazia do mais importante um ninguém
Seguia com o nariz apontando para o céu
Fazia de qualquer Deus um réu
Mais bela, inteligente e realizada
Dona do tudo, quase tudo e do nada
Sempre foi uma rainha que não transige
Não precisava de um rei só
Não tinha dó, nem ré, mi, nem lá......
Quando morresse viraria ouro em pó
Essa rosa linda do jardim
Teu perfume surreal
És oferecidas para mim
Em uma crise existencial
Subjugava teus valores decorrentes
Não te importas com a dor
Nunca és coerentes
Somente de tua própria vertente
Engoles o mundo e arrotas
Esnobe como sempre és
Abre tuas idéias, comportas
Perfeitas da cabeça aos pés
Ergue muralhas de beleza
Sem fim e nem comparação
Melhor que a mãe natureza
Tens o universo nas mãos
Quando morreres virarás pó de ouro
Todos no mundo irão chorar
Pois perderam o maior dos tesouros
Nódoa, dona de tudo que há.
André Anlub
Um Moinho
A travessia é dura
Dias de chuva, noite de frio
Dias bem quentes, noites sombrias
Nesse caminho confuso
Nessa estrada sem placas
Entre o reto e o obtuso
Todos afogam suas mágoas
Com a bota furada
Pisando em barro ou em pedra
Pronto em pé ou na queda
Tiro o melhor na caminhada
Se encontro uma rocha grande
Serve para descansar
Se encontro um mar
Sou filho de navegante
Se a fome quiser ser minha sombra
Como um pedaço de pão
Se não saciá-la
Posso matar um leão
Tudo posso e tenho
Se a força não me faltar
Como um moinho de água
Que mesmo se o poço secar
Usa o vento pra roda......
Nunca parar de girar.
André Anlub
22 de setembro de 2010
O DONO (Íntegra)
Pulando de nuvem em nuvem
Jogando bola com o sol
Pintei o arco Iris de preto
Mostrei a língua pro furacão
Usando um vulcão de privada
Canal do Panamá de piscina
Posso estar em qualquer estrada
Posso dobrar qualquer esquina
Eu uso a Itália de bota
Bebo a Via Láctea no café
Sou Deus que troca Venus pela lua
E depois me escondo onde quiser
Tudo eu posso e faço
Tudo com minha criação
Poeta da tinta do espaço
Sou dono da minha imaginação
Buscando plenitude e paz no dia a dia
Nas águas límpidas do saber viver
Achando sempre muito mais
É assim que tem que ser
Choro por muitas vezes sem motivo
Posso chorar por você
Estendo a mão a qualquer inimigo
Simplesmente por não querer vê-lo sofrer
A luz e o sol se completam
Mesmo sem se tocarem
Faço inimagináveis incógnitas
Sou vultos por todos os lugares
Quebro a barreira do som
Posso fazê-lo ou não
Mas mostro o poder maior
Que é grande nesse meu dom
Falo em línguas estranhas
Olhe por todos os ângulos
Dono de todos os tesouros
Mestre de todas as façanhas
O som das ondas é meu grito
Refugio das manhãs tristes
Um vulcão que sangra com meu sangue
Dias mais que felizes
Deito-me devagar vendo a terra tremer
Sempre ao levantar, meu suor, orvalho
Piso na neve para fazer planícies
Com poesia choro chuvas sem querer
Na escuridão de um fechar de olhos
Pensamentos voam como falcão
Vagueiam em um amor que nunca existiu
Falhas de canyons, rachaduras do coração
Estar irritado é impossível
Extinguirá a vida e o mundo
Sou totalmente previsível
Nunca serei um moribundo
Acordei um pouco cansado
Pensei em apagar o sol
Dei um sorriso mal humorado
Fui caminhar dormindo acordado
Bebi toda água do rio Negro
Usei uma nuvem como espuma de barbear
Subi no cume do Everest buscando sossego
Mas já havia gente por lá
Com uma pirâmide palitei meu dente
Usei o lago Ness como espelho d’água
Fui para o Aconcágua, mas também havia gente
E lá rio Tamisa afoguei minha mágoa
Posso ser o dono, mas mesmo assim sou gente
Crio o universo, mas também me enfastio
Vou já indo para Marte como um indigente
Gritar feito louco como uma gata no cio
André Anlub
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Biografia quase completa

Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)
Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas
Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)
• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)
Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha
Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas
Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)
Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte
André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.
Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.
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Ontem tarde esqueci seu nome... Mas hoje cedo me lembrei de que isso não faz/fazia/fará a menor diferença. As melhores opções nem sempre s...
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https://www.facebook.com/photo/?fbid=8464289903657210&set=a.831681423584801 50 milhões de dólares pelos vídeos do Justin Bieber fazend...
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A propósito das declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sobre a descriminalização do aborto no Brasil. ...