3 de janeiro de 2015

Buraco da agulha




Buraco da agulha
(3/2/14)

Passou pelo pequeno buraco da agulha,
Como um raro e sensato camelo franzino. 
Deixou ao relento seu ego sozinho
E jogou num bom vento os versos nas ruas.

É no amor, e não há impossível,
No verossímil da batalha à vitória.
Fez de fulgentes momentos, o invisível,
E na equação da paixão, a auréola simplória.

Sim, eu conheço, sei bem dessas fábulas;
Sei qual o seu curso, bons e maus imprevistos.
Falam de alguns vícios, falam de absurdos,
Não provaram na língua o que dizem amargas.

Qual o passo difuso em logradouros de deuses?
O que fez um sol confuso no louro da Nêmesis?

E agora um velho e sábio seguia adiante,
E passou novamente pelo buraco da agulha.
Ficou na agrura, pois não era um camelo...
Ao se olhar no espelho viu somente um gigante.

O som do sino




O som do sino

Surge o estalo disso ou daquilo, 
Parte “Stalin” com o princípio de um novo;
A poesia e a guerra se encontram no inicio,
O precipício é o belo corte de adaga.
Ser visível é risível, já que se apaga
Se ficar retido na essência d’um ovo.

Todos se divertem assim na batalha:
As águas rubras surgem regando, passando,
Molham os pés e vão subindo aos joelhos;
Os coelhos saem das cartolas,
Voam sem rumo às cartas da mesa;
O público aplaude de pé a beleza
E a destreza do mágico mago de Angola. 

A peleja fortaleceu o Bento e a Benta,
Amor que abaixa a mão, indo ao resguardo;
No apreço que se funde a compaixão
Faz do mundo elevação, redesenhado.

Submersos, todos reagem ao afogamento,
Já que as águas chegaram à cabeça.
Já sem limites, sem distinção,
A epiderme torna-se clara ou negra;
Sem rodeios, sem interlocução,
Vão se os “nãos” e ilumina-se o momento.

Somente só e dó dormente pó,
Ser e estar do outro lado.

Das ruinas ergueram-se castelos,
Tocaram as nuvens com suas altas torres;
Lá em cima não é sonho o som do sino,
Voa e ecoa para cá em baixo em desatino...

Mais agudo, abrupto, e mais agrado,
Mais afino, continuo e adorado.

André Anlub®
(5/9/14)

Dueto da tarde (XXV)

Lá na velha praça, os bancos de madeira têm histórias pra contar. 
A paciência e a distensão que neles acomodarem o sonho têm histórias para ouvir.
Houve um velho sábio que jogava milho aos pombos, sorria muito e era viciado em ler.
Houve uma babá que levava um bebê e um beabá para ensinar-lhe sobre pássaros e árvores.
A monotonia, com sua quase lobotomia, mesmo com insistência, nunca fez residência por lá.
Nem os vagabundos fizeram residência por lá: sempre havia uma ocupação para o olhar de todos os vagabundos.
Houve um velho e belo lago que quase secou, mas hoje é casa de centenas de caranguejos e sapos
Convivendo com modorrentas tartarugas que a meninada sempre quer para si e os pais sempre explicam por que não é possível.
Sempre passa um lixeiro para catar as folhas com sua vassoura de ponta de prego... mas as folhas odeiam ser catadas
E sempre há mais e sempre há mais, em seu grito de liberdade. A ponta de prego também fisgou uma carta de amor, uma vez.
A carta falava eu amo você e você era a praça, com todas as suas coisas e todas as coisas suas.

Rogério Camargo e André Anlub®
(3/1/15)




Leia mais...

Na juventude, quis entender o mundo; atualmente, só a mim; no futuro, sei que estarei completo.

Livros chegaram hoje, voaram pra mim aqui no Rio. Estão impecáveis! A capa (arte) de Márcio Carneiro ficou show! Parabéns Alcione Gimenes e a trupe da Futurama Editora e Grafica. 


2 de janeiro de 2015

O amanhã...

Não sei se amanhã o céu estará mais azul,
Nem saberei se estará encoberto, escondido.
Pela minha janela ele é um pequeno, gigante, idoso, menino...
Fico observando-o; e ele a mim e a todos;
Há belas nuvens que estão chegando e acariciando esse céu glorioso,
Cobrem parte dele;
Fazem da intimidade exposta, um “nem tanto”.
Há agora um misto de azul, branco e pontos pretos...
Pássaros mansos que sobrevoam,
Mas apenas pontos (aos olhos secos do homem).

André Anlub 
(2/1/15)

A esperança me recebe de pé


A esperança me recebe de pé

Na busca pela lucidez, deparei-me com teu farto sorriso,
Mesmo que escondido no retrato da folha de papel.
Sorri para uma lua de mel num céu limpo, solitário e mudo
E com olhos encharcados de escuro, nada mais pude ver.

Idealizo o beijo largo em sua calma boca;
Irrealismo é minha alma, sendo louca – pouca – desnuda.
Sentindo-me agora uma pluma que sem vento é só o que é,
Atravesso continentes a pé e dou ré no relógio inconcluso;
O tempo vira inimigo, mas a esperança me recebe de pé.

E assim vem uma pergunta: o que há de se fazer?
Assistir-me no espelho e ter medo de não me reconhecer?

Nada disso importa, sabemos que o momento jamais descansa,
E a cada dia nossa andança dá um passo além do alvorecer.

André Anlub®
(1/1/15)

1 de janeiro de 2015

Dueto da tarde (XXIII)




Dueto da tarde (XXIII)

Às vezes parece que o dia vai nublar, e isso vai prolongar-se até sua presença
Apresentar-se, apresentando o que não vi quando não me via
Restaurando a inocência e dando licença para ele ser como está. 
Saio das nuvens que eu mesmo fabrico e procuro nos bolsos a luz que guardara,
Os pés flutuam, ouço sua fala e minha visão já tardia tenta alcançá-la:
Está logo ali e está do outro lado do mundo, o mundo que creio e descreio com a facilidade dos astronautas boiando no azul
Belo em mim em qualquer infinito, a vigília que tenho por saber ser e procurar
Entre os presentes da sua presença o que não tenho e tenho sempre, o que não ganho e sempre me é dado.
Contigo só tenho que me preocupar em estar intacto, sendo voo bem alto ou sendo mergulho profundo no mar.
O resto, e todo o resto, arrasto comigo e conosco para a festa do sol pleno mesmo em dia nublado.

Rogério Camargo e André Anlub®
(1/1/15)

É dia 1°




Quem viver verá verão
(André Anlub - 13/5/11)

Flutuam ainda mais doces os seus vocábulos,
Pairando sobre o ar quente de versos corretos
E rimas concretas.
Os projetos
Leio em nuvens, fuligens, leio em lagos.

Num simplório paraíso é o começo do estalo;
Vejo no “big bang”, bela rosa – você...

Bem-te-vi - bem-me-quer - bem-querer.

Eis a paixão que arde por toda a esfera,
Afronta a tormenta, enfrenta a fera,
Vai além das vidas - além de eras
Escalando muros - largas heras.

Quente no conforto, no forno do sentimento,
Cálido se for de gosto, assim querendo.

Sempre adiantando os passos, céu de brigadeiro,
O vento varre as névoas, intenso lixeiro,
Espanta as chuvas fortes, a insensatez,
E a sequestra de vez num amor inteiro.

É dia primeiro, é verão.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.