25 de setembro de 2018

Ode ao Louco varrendo



Sobre copiar ou plagiar a si próprio:
No livro A visão em paralaxe, de Zizek, ele cita uma fala de Ingmar Bergman: “Perto do fim de suas carreiras, tanto Fellini quanto Tarkovsky (que ele admirava) começaram infelizmente a fazer ‘filmes de Fellini’ e ‘filmes de Tarkovsky’, e que essa mesma atitude foi a causa do fracasso da sua Sonata de Outono – um ‘filme de Bergman feito por Bergman’”.
A perda da autenticidade e da atitude espontânea pode levar o autor, mesmo que inconsciente, a imitar a si próprio.

Ode ao Louco varrendo

- Sente na carne o estrago que a trincheira do corpo 
Deixa passar;
Flecha que não era bem quista 
- disritmia foi-se a bailar
Casco inquebrável,
Por vezes tentado a traições.

Entre o espírito luzidio e a aura,
Há um fulgor de Foucault mais forte;
Persevera a bondade do antes e do agora
Ser altruísta de cumplicidade
Afortunada e contínua:

Mostra com clareza, destreza e simploriamente os “nortes”.

A altivez tem tratamento
(seja por vezes até o suicídio)
Segurando forte em uma mão a vida moribunda
E na outra mão a morte. 
(acalento que soa sem perigo)

Suspenso pelo pescoço,
Com as canelas ao vento
No abismo vê-se de culpa isento 
(dor e remorso)

Dimanem sacrifícios?
- Não, chega de ignorância!

É um louco varrendo.

André Anlub

Das Loucuras (Pascoal, os Montes: Hermeto e Meirelles, entre outros)


Imagens: As diversas caras de São Paulo

Das Loucuras (Pascoal, os Montes: Hermeto e Meirelles, entre outros)

Os ouvidos atentos,
O barulho acaricia e carece de concentração.
Deitado no sofá só falta também a paisagem...
O momento é de meditação;
Os olhos se fecham e decola-se rumo à viagem.

Com Hermeto eu me meto, e o consagro;
Com o Meirelles, dos dois “l”, também.
Os batuques primíssimos que são levados,
Lavo minhas mãos junto com a alma,
Levo minha vida desde então.

A variação de postura de identidade,
Do Eu monstro para o Eu normal,
Ultrapassa o etc. e tal, vai à fonte,
Pois bebe tanta água que passarinho não atreve,
Desintegrou o reflexo abstêmio,
Blasfêmia com a cena que se oferece.

Um transgressor de si mesmo;
Quase um boxer no ringue do espelho.
Nocaute no encalço da alma que voa leve,
E não se atreve e fingir não conhecê-lo.

A percussão de sua vida já foi mais frenética,
Rock zeppeliano, um viver espanéfico,
Quase usava um pano de prato de cueca.

O suingue atual é de jazz,
Mas com forte batera...
Corre lá e cá,
Corrimão ao planear sua galera nua boa,
Imaginativa serpente de asas,
Sem peçonha, sem pessoa.

André Anlub®
(25/9/28)






Árvore de Josué


Árvore de Josué

Isolado no deserto, na sombra da grande árvore de Josué
Escrevo alguns singelos rabiscos líricos
Com o pensamento em nossa casa, lá, distante
Em nossos cães correndo, deselegantes...
Vindo de encontro a você.

Por um instante a alma estacionada aqui se eleva
- Não há treva nem angústia
Sinto meu corpo acompanhando
Por dentro de memórias e histórias sublimes.

Sentindo o belo em todos e em tudo
Caminhando na chuva por cima de um arco-íris sem cor
Surdo para qualquer som absurdo
Um banho de chuva e de glória.

Estou no alto e vejo-me pequenino sentado
Estendo as mãos e solto um dilúvio de letras 
Elas se unem formando versos
Casam-se como bolas de neve
Banham minha carcaça, minha pele
Deixando-me ainda mais extasiado.

São dois de mim que se completam
Ilustrando para expor como me sinto
Porre de absinto de inspiração
Banho de chuva, seiva suave,
Que salva a todos – no tudo,
No corpo, no avejão.

André Anlub®

23 de setembro de 2018

De bobó vendo Sassá


De bobó vendo Sassá
(este é para poucos)

Foram e já foram épocas em diferentes gracejados
Nos gingados de danças leves, livres e levados... que tanto lavam:
Ampolas de cevadas – embolias de folias.

Aquele todo o sol, sim,
Aquele sol diferente,
Aquele sol como teto,
Tinha o chão ébrio de areia
Com a mais perfeita limpidez;

Abaixo viviam vidas sem vaias
E no ar o perfume que provém de sereias...
Vidas vividas em autopistas,
Sem placas, beiradas,
Sem pistas ou margens,
Que cercavam o sensato
Num ato de fantasia.

Companheira súbita da bobeira (bobó),
Vendo e vivendo a besteira (Sassá)...
Clara embriaguez!

Deram-se muitos ruídos – compilados assobios,
Sons de chamados em hinos – estonteante agudez.
Apareciam aos montes: bicicletas, carros, motos, pernas...
(“ratatá – vaquinha”)
Confrades amigos, todos um só umbigo,
Abrigos de trevas e luz.

E assim foi-se, assim foi o que prestou e presta:
Guerreiro abatido – sobravam-lhe mãos.
Guerreiro venceu – mais outra festa.

Sobram são memorias, abraços de bom-dia...
Sobra também a empatia que eternizou a afeição.

Foi-se um tempo mais claro, 
Mais belo e farto – faca afiada,
Que na mais pura verdade:
É a saudade que ainda corta o coração.

André Anlub®

21 de setembro de 2018

Das Loucuras (pasta, pastrami e espasmo cibalena)


Das Loucuras (pasta, pastrami e espasmo cibalena)

A saída é a saída, sem mais!
Vejo a cidade e quero ir para outra cidade,
E nessa idade é sair de um deserto rumo à ilha...
Ilha de imaginação, e, de antemão,
A ilha já é ou irá se tornar uma cidade.

Felicidade inventada não é um desastre...
Sartre e seus caminhos da liberdade.
Os pianos nada pausados de Chick Corea
E a Coréia mostrando que Pyongyang é chique! 

Fez chilique, faz choripán e chouriço,
Comprou sem compromisso presunto e pão...
Apimentou o molho de chimichurri,
E a pasta com pastrami e pimentão.

Participou com a pivetada do piquenique,
Pique-esconde, policia-e-ladrão...
Na casa de pau a pique brincou de luta de espada...
Também cozinhou brócolis e derreteu o queijo parmesão.

É um alienado sem noção e cheque especial
Um piloto de fogão, faz tudo e nada faz.

E só para quebrar a aliteração:
Sai na rua em pleno agosto,
Fantasiado de Papai Noel
Desejando feliz ano novo.

André Anlub®
(21/9/18)

20 de setembro de 2018

Ziguezague – “ziquizira”


Ziguezague – “ziquizira”

Na vida da dama os fulgentes ofícios
Dócil anjo do hospício que tingiu em sua vida:
Guaches, canções, letras, artifícios...
Do repente que trouxe delicada guarida.

Ziguezague de arranque, bucólico sentimento,
Mão dançante e frenética da mente produtiva.
“Ziquizira” que se rendeu ao faminto fomento
E no momento só enxerga a real perspectiva.

Andarilha no trilho, falcão de voo sucessivo,
Faz do seu trabalho o ato muito mais expressivo.
Do suor do seu couro nesse denso mundo raro,

Faz de seu rei no umbigo somente um detalhe.
Que a inspiração não suma, não durma e não falhe...
E se doe doce no eterno, açucarando o seu faro.

André Anlub

17 de setembro de 2018

Das Loucuras (gueto de “vai sova”)



Das Loucuras (gueto de “vai sova”)

A escrita é “au pair”, e ele está a par disso.
Sem compromisso as letras deslizam e voejam...
Vertem alegria aos olhos que as vejam,
Através dos picos; debochando dos abismos.

Preciosismos de um otimista, um artista,
Verdadeiro atentado contra a monotonia.
O balanço balança, a criança sorri pois ela merece...
A gangorra do mundo franze o cenho e adverte:
Em cima ou em baixo, há pouco tempo, se apresse.

Ouve um falsete...
Descobriu seus fardos,
Seus fatos,
Sua família,
Saiu da ilha e fez seu banquete.

Libertou-se, aumentou sua libido, “libertinou-se” 
Mas continuou aprisionado no de seu interesse.
Fez sua prece, desfez sua praça...
Não cortou o cordão umbilical... só de pirraça.

Vê um falsário...
Destruiu seu boneco,
Seus grilhões,
Suas gruas,
Seus graus
Sua gíria de porta de boteco.

Enfim, não se sabe se foi burro,
Não soube de um que tenha sido esperto...
Alguns até dirão que nada mudou!
Trocou “seis todos” por meia dúzia de ouro?

Mesmo mudando-se para longe,
Deixou o desconforto...
Nos tolos, nos incorretos!
Pois de longe nada é tão certo.

André Anlub®
(17/9/18)

Despedida XIII



Despedida XIII
(cozinheiro de banquetes)

Quando busca a inovação encontra o aconchego,
Não tem medo, e o mergulho é de cabeça.
Na sinceridade da devoção pelas letras, na fé na escrita,
Na aflição esquecida, morta, afogada na tinta,
Mergulha... e de cabeça.

Solve a arte, respira até pirar, come a arte,
Sente, brinca, briga e se esbalda.
Balde de água fria, quando ele quer que seja;
Balde de água quente, quando ele quer que ferva.

Na construção das linhas, ele sonha...
É um gigante em solo de gigantes (é um ser igual).
Nada é pequeno ou menos, mas ele é gigantesco;
Nada é estranho no pensamento sereno. (a mente é sã)

Criou algo mais do que o passo à frente,
Excedeu-se, ousou – usou e abusou.
Chegou a ser inconsequente...
Até achou que passou rente do perfeito (foi bem feito),
Pois assim tentará mais e mais, e irá tentar sempre.

E aquele gigante, aquele ser igual?
Foi para terras inóspitas e foi jogar novas sementes,
Agarrar novidades e desbravar castos campos.

E aquele cozinheiro?
(sonhou e se levou)
Cozinhou pratos raros e fabricou azeites,
Adornou a mesa com belos enfeites,
Chamou parentes, chamou amigos,
Encarou os indigestos...
Assim tornou-se quase um guerreiro,
Escritor, amigo, artista, rico e mendigo,
Cozinheiro de banquetes, ritos e festas...
Tornou-se gente e verdadeiro.

André Anlub

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.