29 de dezembro de 2021

 


Quem caça um poema?


Já nem sei por onde anda

No gole, na gola, na manga

Nem sei de onde veio

Do ventre, da saia, do seio.


Sei que em bares é citado

amado e temido.

Sei que fica exposto aos olhos

e dos olhos sorve o pranto.


Das mãos às vezes é santo.

Dizem que é dissabor e contentamento

No seu corpo tem amor

no coração, lamento


Dizem a má e a boa língua

Que é terra, mar e vento.


André Anlub®

------------------

PAPEL EM BRANCO


Ela sempre com seu jeito me comove

Eu, aflito... 

O coração explode na calma

Emoção do amor ao extremo

Repito e sinto...

Chicotadas nas nádegas da alma.


Universo de intensa reflexão

Penso nela dia a dia, pernoites

Falando sozinho, rolando no chão

Uma loucura que me rasga o corpo

Um vazio nessa grande obsessão.


Fixo olhar no telefone que é mudo

Variando com meu relógio, inimigo

Só queria seu suor, ser amigo

Despedaço minha razão de viver.


A nobreza que há tempos me deixou

Irrelevante é saúde e paz

Amor próprio não considero existente

A tristeza sou eu mesmo quem faz.


Às vezes não sei porque me engano

Essa pessoa não existe pra mim

Se me flagelo é só em pensamentos

Se me desgraço só na mente me arranho.


Vou lhe dizer porque isso ocorre

Quem me socorria já está no seu fim

Inspiração, quem foi que disse que não morre

Já está sucumbida e enterrada no jardim.


André Anlub

25 de dezembro de 2021

Despedida VIII




Despedida VIII

Sábado de sol,
De sola de sapato sendo gasta
Pelos amigos que passam e se vão
Ao longo da rua.

Sábado de poesia, de escrita;
Acordei escrevendo, depois li um pouco...
Agora escrevo novamente.

Voltando algumas horas no tempo:

Essa noite fez um frio de inverno,
Acordei na madrugada em posição fetal
E com uma estalactite no nariz.
“Eta ferro”, me meti no frio da Serra;
Frio que me serra os ossos,
E quase, mas quase, gela meu sangue...
Foi por um triz.

Voltando ao tempo atual:

Almoço pronto,
Deixo meu “boa tarde”
Ao moço que passa
(mais solas sendo gastas).
Barulho de maquita cortando algo,
Complementa o som que ouço aqui...
Qual música?
Hoje deixarei à imaginação de quem lê.

Indo adiante no tempo:

Em casa com os cães,
Meu peixe pronto,
O mesmo som de agora,
Sol queimando a cachola,
Ao tédio meu afronto.

Preciso só imaginar e já sinto o cheiro de café,
Aquele fresco – novo – aquele meu;
Misturando-se ao perfume L’occitan que estou usando.
Vejo o céu limpo, ouço os cães distantes
E os cães aqui também latem.
Preciso só imaginar e já sinto o beijo...

Ah,
O som é Joni Mitchell,
Do disco Blue.

Despedida XII
(corpo e café – torrados e moídos)

Hoje me sinto dentro da melodia
“Rio quarenta graus”;
Mas quarenta... só se for na sombra.

A aura parece que quer deixar a carcaça
E se perder na atmosfera.
O sossego berra, a quietude é onipresente...
Mas “péra”...
Ouço o tilintar dos dentes,
Como se fossem lâminas de aço.
Saboreio a pera,
E o sumo resseca meus lábios.

Meu lema para sair da lama
É sorvete de lima-limão
E um chá verde gelado.
Estão bebendo cafés quando esfriam,
Vi gente saindo pela rua, pelado.

Agora a aura quer ficar no corpo,
Um bom banho gelado.
Ao alto as audaciosas asas de Ícaro,
Há tempos derretidas...
Agora aparecem em nuvens, desenhadas.

Vejo o futuro, não vejo sempre muito boa coisa;
Há decepção, sempre há;
Há ressurreição, tem que haver.
Há de aparecer alguma ligeira solução,
Nas poesias sinceras despontadas.

Sai da melodia, penetrei no sigilo
Já são bem mais de meio dia;
Entrei entre as almofadas
E sorri para a nostalgia.

André Anlub








 

No colo quente de Ísis

 



No colo quente de Ísis


A aurora dourada que brilha,

Enorme força que guia

Canalizando energia

Da bondade íntegra e constante.

Sem quaisquer variantes

E opiniões infligir:

Vestindo o pingente de um santo,

Com fé encorpando o gigante,

Com a pontaria de David.


Falha quem pensa que o bem

É frágil – pequeno – inseguro;

Que teme o invisível e obscuro.

Falácias de um João ninguém.


O mal é poder anacrônico,

Foi comício de um ser risível;

É improvável em almas capazes,

Insustentável e inadmissível.


Aspiramos ao poder intocável,

Colosso, incorruptível - no osso, na mente, na pele,

É aço que a ferrugem não atinge.


Vive ainda mais além que a verdade,

Liberdade que constrói o arco-íris.

É a hora de olhar no olho de Horus

E deitar no colo quente de Ísis.


André Anlub



22 de dezembro de 2021

Copo de plástico








Copo de plástico


E vai o ar mais quente do verão,

Pelos espaços em brancos, pelas alamedas vazias,

Nas narinas dos santos e dos pecadores.


Vai um filete de água descendo o canto da calçada,

Leva um copo de plástico; talvez leve um vulto sagrado.

No velho casebre o homem esculpe uma cálida imagem,

Que logo, em breve – quem sabe, esboçará uma crença.


No campo azul lá em cima, há gritos de prosperidade...

No palco azul piscina, no alto, no voo e no espaço.


Ninguém mais chega ao ponto, na resposta da longa pergunta...

Numa desconexa permuta de línguas encafifadas rescendentes.


No lago verde, verdinho, com vitórias-régias, peixes gordos e belos...

Alarga a reflexão, vem junto em coroação, um pedinte pé de chinelo.


E vai o ar mais frio de inverno,

Alavancando sua marcha pelo horizonte mais gélido;

Dentro de um copo de plástico, dentro da velha cachaça,

Do pedinte pé de chinelo.


André Anlub



18 de dezembro de 2021

À francesa

 



À francesa


Assim se diz paixão: ardente e única

Na pluma que cai no silêncio, e aos ouvidos insiste...

Na fleuma fina que com nada se parte

Aparte à parte da razão que inexiste.


Assim se diz mistério: ela e amanhã

Na ação e ressurreição dos sentimentos subtraídos

Atraídos ao sim – ao não, ao tanto – ao pouco

Louco varrido, desgarrado e desvalido – sã.


Assim nada feito: saída singela à francesa

Comida à mesa, sem fome – olhos atentos à cegueira

Sem eira nem beira, novamente entregue ao caminho...

Sem afã, à procura, abraços ao vento – lento redemoinho.


André Anlub 

16 de dezembro de 2021

Das Loucuras (Pelo princípio mais lógico)

 



Das Loucuras (Pelo princípio mais lógico)


O cheio e o vazio dentro do pensamento

O bem moldando os desvios, à procura.

Vai e vem de frente-frias, temperatura boa para o plantio...

No tudo a cabeça é seu guia, mas um GPS ajuda.


A fiel escudeira – sua consciência – dava os pitacos e pitocos;

Querendo abraçar e beijar como um cio.

Marmelada com quiche de queijo, déjà vu de já veio,

Manejo da arma, maneiro do tempo, mineiro e seu ouro.


Maré propícia a novos ensinamentos,

Fogueiras ardem, mertiolate arde, luzes cintilam.

Sem endereço fixo fixa-se no voo continuo,

A prece ao que parece, seja um só ouvido...


Daqui a pouco já tem um ano de sua velha novidade,

Indo de cidade a cidade com a idade avançando...

Segue passando pano para sua ida de verdade,

Nas trincheiras trincadas dos dentes trincados, sem abandono.


As filosofias das ruas e a de Zizek, ensinam...

Pestes extintas, a onda ‘segurada’, tintas fartas, e mais tudo que preste.

As psicologias do “vivido” e a junguiana, anima e animam.


Detalhes são minudências dentro da sobrevivência,

E tudo estará nas folhas que surgirão e floresçam.

De modo evidente, doente, sadio, sútil;

De modo verdadeiro, falso, salso, doce, brocha, viril.


André Anlub®



22 de novembro de 2021

Excelente semana aos nobres amigos












Assim começa a história:

Tatuou todo o corpo, sem treta,

e para não fazer desfeita,

deixou que tatuasse toda a sua memória.


Cantar do futuro


Na trilha do som e do cheiro,

entre outros planejes,

já havia o longo tempo de um asilo,

e saiu, enfrentou,

nisso e naquilo,

foi certeiro.


Conhecia um pouco de tudo,

e de todos a prudência do cantarolar,

mas de cor, tão-somente, do sábio sabiá.


O verde vivente evidente,

fez nuance nos raios dourados do sol,

que surgiam e sumiam

ao bailar de folhas,

no cair de sementes,

da jabuticabeira.


E a comunhão com a quietude,

ao chegar o negrume,

o que estaria por vir?


E os motores aos ouvidos em dores;

os odores do carbono a calhar;

o cruzar de mil pernas;

as janelas com visão limitada;

e a empreitada de ser e estar.


André Anlub®

17 de novembro de 2021

Das Loucuras (zeitgeist)


 










Das Loucuras (zeitgeist)


E a lava corre quente, venenosa e ligeira

Pelas veias e artérias do mundo

Uma leva nada leve segue esse fluxo vagabundo

Achando todas as críticas, besteiras.


O chá preto e a mente em branco

O banco lhe cobrando taxas

As tachas perfurando o cano

O que se passa com as uvas-passas?


Aquele olhar meio de lado

Pelado, o meio-ambiente agoniza

Pois ninguém quer sofrer calado

Feito a natureza que o homem aterroriza.


Ao enforcar o outro grita que a paz é o intento

Mesmo com a lupa nunca vê a saída

É preconceito nascendo em qualquer vento...

Na venta o cheiro de pólvora da bala perdida.


O chá branco e a mente é preta

Penteando macaco e o tal cabelo em ovo

O que há de novo, que nesse fronte há treta

O que há de velho, que é nas costas do povo.


E a lava resfriou novamente

Transformou-se em estrada para um novo pouso

Alguém lá em cima vai salvar o planeta,

Já estava na hora de no fazer contente.


André Anlub®




Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.