15 de junho de 2023

Sonhei com o Tibet

 



Sonhei com o Tibet


Por vezes penso em puxar a tomada,

Desligar-me de tudo,

Raspar a cabeça,

Limpar a consciência

E ir atrás da paz interior.


Sonhei com o Tibet!

E pra quebrar o tabu,

Sem quebrar a tíbia:

Vou tocar tuba, dentro de uma taba,

Deitado em uma tumba.

Descansando aqui no meu banco de pedra

Iluminado pela lua cheia

Que disputa importância com o poste de luz...



Novamente, bloco e caneta nas mãos

E um pouquinho de inspiração.



Tenho a sensação estranha

De estar tendo uma experiência

Tipo extracorpóreo.



Os cães latem ao longe

E pra longe se desloca meu pensamento...

Logo logo eu volto. (pelo menos a carcaça)



A vida pode ser farpa entre unha e carne

Um bambu que se enverga com o vento que varre

Ou estrelas que brigam com o raiar de um dia.


29 de abril de 2023

Isadora de madeira

 



Isadora de madeira (28/5/12)


Desabrochando a vida na beleza do lírio

No quintal, ao pé do pé de tâmara.

Começa o dia com o vento ligeiro,

Brisa fria que lhe acaricia a face.


No enlace do tempo há inúmeras lembranças

Nos seus olhos que refletem as altas montanhas.

O coração ainda segue quente de amor,

Mãos calejadas e talentosas,

Esculpem,

Em madeira nobre,

O rosto de Isadora.


Amor perdido na foice do vento que passou:

Foi há tempos,

Foi doença.

Na madeira e nos sonhos ele a tem de volta...

São noites longas,

Noites quentes e belas;

Vozes e camas,

Portas e janelas,

Sussurros e gemidos...

Tudo esfria no frio que lhe acorda.


Jamais sorriu tão grandemente,

Esconde seus jovens brancos dentes,

Bem próximo aos amarelados caninos.

Na saudade de extintas vertentes,

De doces carinhos e fragores,

No mesmo medo e calafrio

Da próxima noite não haver sonho.


28 de abril de 2023

Ninho de Mafagafos







Ninho de Mafagafos (24/6/13)

Derrama-se a letra em solo fértil,
Dourado, fez-se de inspiração a Fênix.
Desenha-se, como um corte, o vil desdenho,
E no horizonte cria seu renque.

Pensamento no engenho, sua engrenagem...
(vê-se o gado - vê-se aragem)
De tudo que cair como chuva,
(foi-se a uva - põe-se a luva)
No ninho de mafagafos
É feito o vinho de boa safra.

Inspiração de araque? 
- Nem se cogita.

Regurgita o que nada vale,
E de um longo caso de afeto
Com o amadurecimento,
A escrita alto pronuncia...

Eu diria:
Paixão eterna.

E o texto da vida?
Ah! Ele por si só já é ele mesmo.
Pra tudo não ter sido a esmo...

Vamos aprender línguas estranhas,
Nos queimarmos andando na brasa,
Pisar no inferno, inventar artifícios,
No final ser o médico de um anjo caído.

A vida só é cruel para os inermes, 
que fazem tempestades em copos d’água, 
vivendo nas podridões como vermes 
e fazendo respiração boca a boca em suas mágoas.

7 de fevereiro de 2023

Um Moinho

 



Um Moinho*


A travessia é dura,

Dias de chuva - noites de frio

Dias bem quentes - noites sombrias.


Nesse caminho confuso,

Nessa estrada sem placas;

Entre o reto e o obtuso

Todos afogam suas mágoas.


Com a bota furada,

Pisando em barro ou em pedra,

Pronto em pé ou na queda,

Tiro o melhor na caminhada.


Se encontro uma rocha grande:

Serve para descansar.

Se encontro um mar:

Sou filho de navegante.


Se a fome quiser ser minha sombra:

Como um pedaço de pão...

E se não saciá-la:

Posso matar um leão.


Tudo posso e tenho

Se a força não me faltar.

Como um moinho de água,

Que mesmo se o poço secar,

Usa o vento pra roda...

Nunca parar de girar.


*Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras - com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil -, ficando entre os 46 primeiros e assim participando do livro Controversos; Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e assim participando do livro “Quem acredita cresce”.






3 de fevereiro de 2023

Dueto XCIV

 








Dueto XCIV


Esperar é inevitável. Não só por causa da esperança.

Há de se viver com ação mais a paciência de Jó e jogar ao vento a projeção da perfeição.

O inevitável nem precisa bater à porta: para ele ela está sempre aberta.

Mas claro que há de tudo; há até clero andando incrédulo, sem crédito sem cédula sem sílaba sem cerne.

Há juiz sem juízo, mestre sem mestrado, cantor que não canta, galo que não gala e portas que não fecham.

Há até poetas insensíveis; dizem que há! mas particularmente não acredito, ou talvez sejam invisíveis.

Poeta insensível não é poeta, mesmo que faça versos. Assim espero. (Esperar é inevitável?) Fecho a porta para esperar melhor.

Sei que alguém dará de cara na porta, pois obstáculos são inevitáveis. Torço para que seja alguma coisa que evito.

Do lado de dentro me centro, adentro meu parlamento particular e digo a mim mesmo o que não posso evitar: amor, contentamento, frustração, inspiração e dor.

Digo isso e muito mais do que pode mais porque chora menos. Em frente, à frente do que me afronta, tonta é a porta, que só sabe abrir ou fechar; tonta é a esperança, que só sabe esperar.

Se o inevitável nasceu inevitável e gosta de ser assim... de nada adianta evita-lo; vou apertado abraça-lo, abrir meu melhor vinho, calçar minhas botas, colocar meu casaco de frio e caminhar para o acaso. 


Rogério Camargo e André Anlub

3 de janeiro de 2023

Feliz 2023

 

imagem: Irina Starshenbaum


Dos desvelos (como som melancólico que segue invadindo) 


Até coloquem palavras em minha boca... Mas que nasçam poesias.

Abrasador ao íntimo – sem dor – toca e preenche e compreende ao completo;

Na mais alta altitude que o anseio ressoa, e é tênue e desconcertante.


Toda uma terra estremece em todo o corpo que balança

E merece o céu no sol e a luz da lua na luz do teto do tato e do tudo.


Namoro e sinto e choro e aprovo e comprovo o sopro e aguardo, e você.

Mas é mais mar que observo e sou servo ao todo... E amo.


Vem, vem como variante, pé e pé, paz e paixão, marcando no solo – selo;

Como ao chão e ao sentimento é um sucinto sinal sagrado, afetuoso,

Pois não censura, nem corta nem cura, o soco solitário do colosso:

O banho ao calor em chamas, supina alma à sua presença... E amo.


Solos secos castigados, que fenderam em frangalhos de raios antigos...

Ficam no aguardo das águas em rios em milagres em lágrimas em circo em cio...

E vieram e vigeram e ficaram e fincaram... E amo.


André Anlub

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.