Nos idos da década de oitenta...
Recordo-me nada remotamente de um carnaval peculiar
Saímos bem cedo e impetuosos do Rio de Janeiro
Éramos cinco no carango, um Chevrolet marajó
Véspera de carnaval... Meados de fevereiro.
Não pegamos transito, pois saímos numa quinta-feira
Fomos a uma fazenda em um município de Minas Gerais...
Lugar calmo, muito verde, cavalos e cachoeira.
De lá, na manhã seguinte, já partimos ao sol nascendo
O objetivo era São João del Rei
Chegando e como já conhecíamos a cidade...
Aproveitando que ainda era dia
Fomos à caça de um teto, de uma estadia.
Tudo andava bem até o instante momento...
Arrendamos uma casa deveras engraçada
Não tinha camas mas quatro quartos, um banheiro e uma privada
Era o único sanitário e ficava bem debaixo do chuveiro.
Com um teto rebaixado, só se entrava agachado.
Mas o mais inusitado ainda estava porvir
A dona criava um porco na área dos fundos
Das nossas janelas dos quartos, tínhamos a bendita visão
O grande suíno nutrido nos olhava como amigos.
Saímos na primeira noite para a farra
Muitas garrafas e copos foram derramados
Ao voltarmos já na madrugada
Quase ninguém conseguiu dormir.
O porco estava inquieto
Com o grunhido estranho, muito grave e abafado
Parecia que estava engasgado...
Ou podia estar só dormindo.
Todos desceram e foram ver o bichano
Mas o mesmo se escafedeu
A dona da casa acordada explicou que o havia vendido
E o último a acordar e descer foi eu.
Não havia mais nada à explicar...
O som havia parado, o silêncio invadiu o lugar.
André Anlub
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Imagem: web
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