Buraco da agulha
Passou pelo pequeno buraco da agulha
como um raro e sensato camelo franzino.
Deixou ao relento seu ego sozinho
e jogou num bom vento os versos nas ruas.
É no amor, e não há impossível
no verossímil da batalha à vitória.
Fez de fulgentes momentos, o invisível
e na equação da paixão, a auréola simplória.
Sim, eu conheço, sei bem dessas fábulas
sei qual o seu curso, bons e maus imprevistos.
Falam de alguns vícios, falam de absurdos
não provaram na língua o que dizem amargas.
Qual o passo difuso em logradouros de deuses?
O que fez um sol confuso no louro da Nêmesis?
E agora um velho e sábio seguia adiante
e passou novamente pelo buraco da agulha.
Ficou na agrura, pois não era um camelo
ao se olhar no espelho viu somente um gigante.
André Anlub®
(25/1/14)
__TALVEZ__
Um ex-monge budista tornou-se fazendeiro. Ele abandonou o mosteiro porque queria ter uma família. Conseguiu umas terras e ali foi seguindo sua vida.
Um dia seu cavalo fugiu. Ao saberem da notícia, os vizinhos vieram visitá-lo.
"Que azar!", eles disseram solidariamente.
"Talvez", respondeu o fazendeiro.
Na manhã seguinte o cavalo retornou, trazendo com ele três outros cavalos selvagens.
"Que sorte!", os vizinhos exclamaram.
"Talvez", respondeu o fazendeiro.
No dia seguinte, ao tentar domar um dos cavalos, o filho do fazendeiro foi derrubado e quebrou a perna. Os vizinhos novamente vieram prestar solidariedade.
"Que pena", disseram.
"Talvez", respondeu o fazendeiro.
No outro dia, oficiais militares foram até a vila para convocar todos os jovens porque o exército estava entrando em guerra. O filho do fazendeiro foi dispensado porque estava com a perna quebrada. Os vizinhos correram para congratular o fazendeiro pela forma como as coisas tinham se virado a seu favor. Ele apenas sorriu e disse.
"Talvez".
(Via: Budismo de Bolso)
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