Um dos poemas e a orelha para o livro "Poemas à Flor da Pele - Contos, Crônicas & Poesias".
Enlace das almas
- André Anlub
Por debaixo da seda você me seda...
Brinca de ser a pura, e, em apuros, me cedo.
Deu início aquela conversa; deu o ensejo com a fuça de lua cheia;
No bule o café bem fresco, na mesa o bolo, a maça e a ameixa.
Na troca de vocábulos transpõem-se os obstáculos,
Surge um oráculo inócuo no enleve dos versos leves;
O dia rasgando com o sol no arrebate da torra,
A noite fica sem jeito e deseja que escuridão se entregue.
Nada daquilo é fracasso se o ocaso se vestir de amarelo,
Largar um breu quase eterno, e com isso também foi-se o tédio...
Há de parar com os remédios, vestir uma sunga e calçar o chinelo.
(pisar no solo do sortilégio)
Para todos a areia está fofa, o mar bem calmo e a brisa a contento;
O inesperado não é tão enigma, pois temos a insígnia de um nobre guerreiro.
O cabelo castanho vai ficando branco; o branco dos olhos, vermelho.
O ano já está acabando e depois de um espirro já é novamente janeiro.
Vem uma luz no fim do túnel, arrasando a desesperança,
Criando a salutar aliança de aceitar o escuro, mas procurar a clareza.
Dizem ser indelicadeza – mas assim a vida tem mais futuro;
Dizem que estão em cima do muro – mas o muro é puramente adereço.
Deu-se o fim da conversa com um sorriso em todas as faces.
No bule o café ainda quente, na mesa um vazio e nas almas os enlaces.
É mágico o mundo literário, colocando asas em nossas costas e convidando ao voo... Assim estamos em mais uma empreitada poética Poemas à flor da pele, onde o escritor tem o direito de sonhar, parir seu íntimo, colocar seu toque e flertar com o abstruso amor e o afeto de quem o cerca, conquistando seus leitores, e seguir desenhando sentimentos.
Os terrenos inóspitos dos iniciantes na literatura são conquistados aos poucos, e nós, autores, avançamos despretensiosos com idoneidade, talento, com apoio, sabendo que somos aprendizes e a cada dia evoluímos mais, mergulhando com vontade nas letras e rumo ao estrelato de quem é lido, apreciado e ovacionado.
Há tempos noto novos escritores gerando vida e feitiço, graça e sonoridade, avivando o agora, alcançando os ouvidos e bulindo mil verves afora.
Somos escritores e leitores de sorte, fizemos da literatura um dos nossos “Nortes”, e ela nos adotou de uma forma tão ímpar e constante. A mim, particularmente, me acudiu e me arrancou das mãos maldosas de demônios antigos e internos, enfermos e sombrios; mostrou-me o pôr do sol mais pulcro e despontou-me para uma estrada nova, difícil e íngreme talvez, mas nada negra tampouco gananciosa.
Desde que se dá início a movimentos literários, deve-se ter como objetivo maior o apoio aos que principiam, aos que estão dando seus primeiros passos e durante todo o ínterim nada deve ser perdido, nada deve ser proibido ou de não agrado.
O que a Poemas à flor da pele passa para nós, leitores e escritores? O nosso próprio deleite delirante salutar, quiçá primordial, onde obtemos nosso quinhão poético prometido com mais uma grande pitada da pimenta vermelha da inspiração.
André Anlub – Escritor - Crato/CE
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