Dueto da tarde (XXXVIII)
As misérias da Miséria encostaram a
testa no muro do desconsolo,
Assistiram com olhos úmidos o contemplar
prepotente do mau agouro
Desenvolveram uma reza estranha, uma
patranha com os céus, sem muito escopo
E nos copos erguidos, com sangue – com
vinho –, brindaram e blindaram o que não tinha vindo.
Estava na imaginação, como num louco
delírio, como num delírio louco, e não era pouco, era de tamanho brilho que
iluminava o brio escondido no fundo do poço.
Fazia estremecer a esperança que um dia
animou aquele destino roto
E, de um jeito torto, com muita ganancia
e deselegância, algo despertou de morto...
As misérias da Miséria então reuniram
num só todo aquele logro,
Levantaram um estandarte de que a
felicidade estaria ao lado delas,
Para dar um tempo no sufoco, uma mão de
tinta no reboco, pagando caro e ao menos ficando com o troco.
E veio a anistia, como “Anastácia”
ganhando nova biografia; veio a nova chance de deixarem a sombra da Miséria
Parar com o jogo de joão-bobo, drenar o
lodo, espanar o mofo, destronar o Rei Momo neste carnaval de falsa folia, de
improdutiva regalia, fazendo terapia com um médico louco.
Rogério Camargo e André Anlub
(17/1/15)
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