18 de fevereiro de 2015

ALGUNS MINICONTOS

A carta que Perôndio escreveu avisando Parquínia do que poderia acontecer chegou dois anos atrasada. Parquínia foi obrigada a reconhecer duas coisas, porém. Uma, surpreendente: ele acertou quase tudo. Outra, deprimente: ela não teria seguido nenhum dos conselhos mesmo que a carta chegasse em tempo. Isso a deixou pensativa, pelo menos.


Ninguém chamava Júlio João de bonito. Júlio João era bonito. Mas não se lembrava de terem-no chamado assim uma vez que fosse. Um dia perguntou a sua amiga Irausa o que ela achava disso. Irausa primeiro pensou que ele estivesse brincando. Não estava. Depois pensou que talvez fosse uma armadilha. Não era. Era mesmo uma angústia. Que aumentou quando Irausa foi embora sem ter dito nada.


Há tanta coisa nas muitas coisas que as inexistências ficam muito receosas de começarem a existir.

- Mãe, tem uma estrela que quer falar comigo.
- É mesmo, meu bem? Sobre o que?
- Ela não disse ainda. Mas acho que está nervosa, coitadinha, a luz dela não para de tremer...


Tudo que podia ser feito por Genofelsa já tinha sido. Agora restava esperar que Genofelsa entendesse que só dependia dela transformar tudo o que fora feito em uma situação onde ela não precisasse de mais nada.


- Vô, por que é que a mãe disse pro pai “deixa estar, jacaré, tua lagoa há de secar”?
- Tá chovendo, seu pai deve ter entrado em casa com os pés molhados.
- Ah, vô, não brinca, eu quero mesmo saber!
- Tá. É uma expressão antiga. Funciona como um aviso de que a pessoa pode vir a perder algumas vantagens ou privilégios.
- Hum. Será que o pai vai ter que dormir no sofá?
- Se estiver com os pés molhados, talvez.


O muro era muito alto. Trolluppa cresceu imaginando que um dia teria condições de saltá-lo. Empenhou-se para conseguir isso. Conseguiu. Seu problema passou a ser o retorno, depois de conseguir. Porque do outro lado o muro era ainda mais alto.


O comodismo:
- Deixa como está!
A revolta:
- Muda tudo!
A sensatez:
- Como mudar tudo?


Queria viver uma experiência fora do tempo. E não parava de olhar o relógio, para ver se já estava na hora.


- Se pudesses escolher um lugar para morar, onde seria?
- Perto de mim. Detesto morar longe de mim.


Clápilo queria levar Clatina a viver um sonho. Clatina não queria viver um sonho. Mas todos querem viver um sonho, argumentava Clápilo. Então você pode pegar qualquer um destes todos, eu não vou lhe fazer falta, encerrava Clatina.



Era uma coisa boa e era também uma coisa ruim. Mas enquanto era uma coisa ruim a coisa boa não podia ser totalmente boa, porque ficava com pena.

ROGÉRIO CAMARGO 

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Agradecemos pela leitura.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.