8 de julho de 2015

Dama

Pesquisas buscam definir estilo e parentescos culturais da escritora Carolina Maria de Jesus
Posted by Pesquisa Fapesp on Quarta, 24 de junho de 2015


Dama (resolveu decorar o orbe de dentro e tornou-se bem mais feliz)

Dama de fé famélica que vive o amor como um Deus. As ações são suas vozes, seus céus, versos e véus. Meramente faz e jamais quis fazer parecer; cala e desmascara os atrozes que respondem com vis falações. Para falsos profetas macabros sorri com benevolência, pois sabe que são desumanos de mero vocábulo que voam sem asas/rumos e pousam fazendo injúria aos castos no frio e quente deserto das aparências. Agora tem visão menos turva/suja, deixa que pisem na uva; sabe que curará o desalento, pois é mais fácil deixar cair dos olhos a chuva. Cansou-se de elevar ao céu suas mãos e engasgar-se com o medo, ébrio e hipocondria; supre a dor com o comprimento de um comprimido comprido, levanta e não cai de joelhos ao chão. Dizem que deuses a amam e o resto do mundo não. Todos os elos da corrente foram tomados pela ferrugem. Águas molham, aos outros ungem; palavras incertas, ditos incoerentes. Com seus cabelos ao vento que acabam levando a vida, à partida fez-se momento – um lugar bom será sempre bem-vindo. Como sabe de seus erros; como finge indiferença; como nega os zelos; como sofre com suas crenças. Dedão nas orelhas, mãos espalmadas e língua à mostra: armado o circo pede socorro – com cegos olhos solta o pranto... Perdeu a fé e quer a forra. A estandardização já estava imposta: olhos, altura, cabelo, ouro e muito mais... Atrás da porta ela sorri aos mal/bem amados; pois não carece seguir quaisquer padrões. O seu viés é fulgente; destrincha possibilidades de dedos apontados a ela; indiretas não se criam, tampouco fulminações... É osso, osso duro, puro osso, salgado, forte, osso dos bons. Na infância não se sabe qual foi sua história, mas jamais sujaram sua imagem com obscenidades eloquentes. Gente simples, fiel e aberta, que sempre foi/é o que quis. Bebe água, café e cachaça no copo velho de geleia. A masmorra foi anunciada para todos como paraíso, coberta de rosas pulcras, ostentações e múltiplos coloridos artifícios: como heras, vinham amores por fora, trepando; como feras, vinham rancores oclusos, clamando; como vinho, errantes inebriantes que, como antes, foram feridas no agora... Travestida de verdade estava em êxtase incondicional, tinha no seu exército fiel guarida, mas a inglória da própria imagem em paradoxo, em avejão. Hoje vem novamente da escola da história; aquela sofrida – ou nem tanto. Passa e vê a rasteira do capoeirista que entorta a pista ou somente seus olhos; lê enquetes no céu sobre cores do tempo, sobre sofrimentos e fortunas, casos eternos em uma bolha chamada: “talvez”... É algo mais ou nem tanto. Sente o cheiro de grama encharcada, mato irrigado, estrume fresco. Pois bem, está em casa, enfim. Acendeu a lareira, o incenso, a ideia; viu o moleque descendo a ladeira nesse frio congelante e inventivo sem casaco, calça quente, gorro, dente, família. Deu um nó na garganta, não conseguiu cantar; resolveu fazer a oração, calada; antigamente era mais fácil ser enfática, fantástica, fanática, fantasiosa e sonhadora. No momento o tempo abre, o sol brota tímido e nuvens quase se transluzem – dando para ver a felicidade. Os Anjos trazem alguns rabiscos: folhas sem nada, mas com tudo ali. Foi o mundo ao avesso no desapresso de pressas. O pensamento ligeiro deixa rastros de onde nunca passou, enquanto o mar, seu amigo, lhe aguarda à próxima visita. Sonhos vão aquém/além do tempo presente; pode ver tão claramente um fato nunca consumado, água nunca bebida e a sede que sempre houve. Vê agora versos com enormes asas, que anseiam serem pegos/usados/lidos. Há pedras no chão que formam dores antigas e/ou novas e, como não pode deixar de ser, também faz parte do cenário. A peça de teatro irá ao ar. Abre e fecha de cortinas, rotineiras rotinas e acasos em novidades... A Dama tudo vê, e vê que tudo é para alegrar a alma. Expôs o que é para ser exposto, e com gosto. Pôs-se o que era pus e cicatrizou em casca mais forte e duradoura. Escreveu só para fazer graça/graxa; engraxar o texto e sua testa. As corredeiras a chamam, as águas a chamam, o sol está no ponto e o céu bate ponto: mais azul do que nunca. O tempo lento e o som ínfimo, lamentos enterrados e lamúrias aos ventos; a distância entre o entrosamento e o ensejo é breve momento. Cortinas de todas as cores se fecham... Hoje a Dama sou eu, amanhã talvez... Hoje houve sonho, como sempre haverá.

André Anlub

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Agradecemos pela leitura.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.