Esperando a Chuva
Um país tropical de abertas, torneada e depiladas perna para o ar. A dança da chuva funciona se todos os dias a dançarem; amarro-me ao relento com a corda mais sensata que houver (no grande cajueiro); nó cínico, sem vergonha, cego, impossível de desatar (nem tento). Dos dias felizes valem os sorrisos congelados; das noites de amor valem pensamentos impuros. Por todos os lados não há o proferir do absurdo e sim versos incoerentes: murmúrios, múmias, túmulos, tumultos e soluçados de solução. Nenhum amor é inútil - absolutamente o contrário... achado ou perdido, verdadeiro ou quase, o amor é tesouro e extravasa por lendas e mitos - água-viva no mar morto. Por obséquio: todo amor tem seu preço? E, caso tenha, todos devem pechinchar? Quando o amor alcança tais almas, engraçadas são as entregas, sensação de dominados e indefesos – plumas tornam-se pesos. Mas um quilo de penas é o mesmo que um quilo de pedras? Quando o amor é legítimo rasgam-se dogmas, cuecas e calcinhas, viaja-se em um trem fora dos trilhos – duas lindas pipas sem linhas... tudo é monocromático com vivas cores, verdes verves, vivos brilhos. Moldando as afeições sem aflições, marinada no tempero das paixões, pode-se pegar um peixe grande; dança na esperança que passa à frente... observa-se o fogo brando e a fina chuva que contenta a mente. Às vezes gosto de ficar sozinho para discutir a relação com a pessoa que mais amo e admiro no mundo (modéstia à parte); muitas vezes são papos pesados, impensados, críticas em tom de ameaça. Mas a maioria das vezes é puro chamego, flerte narcisista que beira um romance dos bons. Objetivamente a mente ouve algo objetivo e escuta somente os bons adjetivos; é o objeto que não quer se tornar um abjeto. Mas isso é bobagem, pois nada modificará as engrenagens das coisas e tampouco abrirá o tampão mostrando os segredos, senão, tão-somente, as ações (com bastante redundância até).
André Anlub
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