Das Loucuras (missa de oitavo dia para o morto que acordou)
Babados nababescos, o nabo e a baba do quiabo.
Odaliscas construindo obeliscos, nada mais razoável.
Tal beijo e o corte da faca, de um bobo da corte no diabo.
Companheiro procurando compromisso, isso tudo é admirável.
Começa a missa do oitavo dia, a qual todos choram calados.
Chega um, chega outro, acendem as velas e os baseados.
O corcunda de Notre Dame veio do passeio ao Corcovado...
E para não ficar grilado, Victor Hugo fecha com afinco os cadeados.
Um casal atrasado fica de fora, e mesmo lá fora tiram o atraso,
São gemidos bem altos, como alguém fritando ovo e um cano furado.
Logo todos que passam tiram suas roupas e entram no amasso...
Uma visão meio tosca, mas de dar inveja a qualquer necessitado.
Todo silêncio é pouco, mesmo que o pouco não seja mais apoucado.
Um trocado aqui, um trocadilho ali, a troca de socos de Ali.
Mil copos de água, e a dor do trovador de Akira Kurosawa.
No luar noturno a constatação da constelação de Dorado.
Um som alto se ouve, é a televisão em volume máximo:
Um porão, um rapto, armas e um seriado policial barato.
E a missa segue, mesmo que na tela haja sangue derramado...
O dia findado sem nexo, e sem nexo esse texto é escrevinhado.
André Anlub
(18/1/18)
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