A Perda da Fé
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A visão mais turva, suja
Deixa que eu mesmo piso na uva
Sei que irá curar o desalento
Muito mais fácil deixar cair, dos olhos, uma chuva
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Cansei de levantar, para o céu, as mãos
Engasgo com o medo, ébrio e hipocondria
Supre a dor com o comprimento de um comprimido comprido
Levanta e não cai de joelhos ao chão
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Dizem que um Deus te ama
O resto do mundo não
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Todos os elos dessa corrente
Foram tomados pela ferrugem
Águas só me molham, aos outros, ungem
Palavras incertas, ditos incoerentes
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Com os nossos cabelos ao vento
Que acabam levando a vida
Uma partida fez-se momento
Para um lugar bom será sempre bem vinda
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Como sabemos dos nossos erros
Como fingimos indiferença
Como negamos todos os zelos
Como sofremos com nossas crenças
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Dedão nas orelhas, mãos espalmadas e línguas a mostra
Armado o circo, chamamos os santos
Com olhos cegos, soltem seus prantos
Eu perdi a fé, quero uma forra.
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André Anlub
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