Kelly Slater e John John Florence hoje no Posto 5 de Copacabana.
Posted by Tribo Surfon on Quarta, 13 de maio de 2015
Como nasce a inspiração (Noite de 13 de maio de 2015)
Os mestres vieram prestar suas condolências; morreu à tarde,
em um final de tarde majestoso, o sol fantástico, que esquentou muito bem o meu
dia. Morreu mergulhado em um alaranjado dégradé com um vermelho vivo com tons
de amarelo e abóbora, e com direito a uma revoada de periquitos nervosos e gritantes...
Simplesmente algo estonteante. Maré mansa; é assim que estou. Ouvindo um som
antigo, Pink Floyd e o álbum “Animals”, um dos primeiros LPs deles que tive.
Deixo-me levar nessa maré da calmaria e serenidade. A inspiração pelas tintas e
desenhos anda me cutucando; hoje tirei
um tempo para fazer uns desenhos para um trabalho em um livro, no qual farei
uns traços para ficarem abaixo do texto, e acabei rabiscando horas e horas.
Acho que é assim que funciona com o Deus inspiração; ele levanta de seu trono,
coça os testículos, pega seu cajado de ouro branco, que tem uma espada em aço
raro, embutida, camuflada, e anda com aquela pança um pouco grande e seus dois
metros e meio de altura, com uma roupa branca, com uma capa enorme que corre pelo
chão feito um rio de leite; tem uma grande barba e cabelo ruivos, as mãos cheias de anéis com
diversos símbolos de guerra e de paz; anda descalço com duas pulseiras em cada
tornozelo, cada qual carregando pingentes e dentes de saber e outros animais;
ele anda calmamente, com o olhar plácido que sai de seus olhos hipnotizantes – um
escuro como o breu mais profundo e o outro metade laranja claro e outra metade
verde esmeralda – e ele segue resmungando baixo até a sala com as portas grande
de madeira talhada e que ficam sempre abertas. Antes passa na cozinha e pega
uma coxa de avestruz, enorme e suculenta, pega um cálice de vinho e continua
sua caminhada, passa pela porta até chegar a um imenso salão, com telas desde bem
pequenas até as gigantes, com mais de trinta metros; há tintas, um teto feito a
Capela Sistina, também pintado por Michelangelo; há o chão colorido, cheio de penas
de asas de anjos e restos de aquarelas e tintas ressecadas, alguns borrões e
pingos ainda em fase secante; há marcas de pés e pagadas para todos os lados, rastros
de cobras, pincéis de todos os tipos e tamanhos; ao final da sala encontra-se
uma enorme janela e uma grande luneta, onde Anjos observam os funestos homens mundanos
e suas pressas, de lá para cá. E de lá de cima escolhe um e outra ou outros, prepara
sua flecha invisível, em formato de pena, de mira impecável, e de modo inesperado,
ou nem tanto, atira e com certeza acerta seu alvo pelas costas... Assim o faz nascer
e acordar à inspiração.
André Anlub
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