Imagem: São João Del Rei/MG (a long long time ago)
Mais um conto urbano
O pai passa a mão na cabeça
A mãe chamava de neném
Vinte anos no documento
Mas doze é o que parece que tem
A palavra de ordem para vida é “não me aborreça”
Não ligava para nada e ninguém
A palavra de ordem para a farra é “o que vier na cabeça”
Achava-se um despótico no harém
Já tinha seu próprio carro
Foi caro e ele não mereceu
Dos outros gostava de tirar sarro
Respeito não existia, se existiu já faleceu.
Ia à praia e puxava seu fumo
Sem rumo nunca pensou em trabalhar
Seus pés nunca calçaram um coturno
Mas uma arma ele conseguiu arrumar
Cometia pequenos assaltos
Visava as pessoas que andavam no asfalto
Certa vez foi pego em flagrante
Mas o sol quadrado não viu nem um instante
Seu pai era um promotor conhecido
Convencido de que nada podia acontecer
Não sabia com quem seu filho estava envolvido
Nem imaginava que um dia poderia morrer
Em certo domingo foram cobrar uma dívida
Ele, esperto, fez a mala e pegou a estrada
Não queriam dinheiro, queriam sua vida
Mas quem pagou foram os pais e a namorada
É mais um caso que terminou arquivado
Meses depois o encontraram numa praia
Um policial o matou equivocado
Morreu numa vala, cravado de bala.
André Anlub®
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