21 de agosto de 2021

Conte-me












Conte-me


E as primaveras

Falo, todas elas...


Contam-me cores mil.


E os outonos

Digo, só alguns poucos...


Tingem de laranja as fachadas.


Os verões

Vestem ouro...

Ardendo em sol todas as madrugadas.


Invernos

Nuvens são como espumas do mar

Estações que variam com a chuva...


O sol que ofusca meu olhar

É o mesmo que ilumina meu rumo.


Como dizer em qual delas está você?


André Anlub

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Imponência


De uma forma deveras palpável

A grafia renasce no arcabouço

Vindo de uma sensação mutável

Tornando-se finalizada ante o esboço.


As letras jamais envelhecidas

Amareladas com rigidez perene

Órfãs sem jamais terem nascidas

Lapidadas pela sutileza do cerne.


Apólogo nas mentes funcionais

Decreto soberbo dos irracionais

É boa imprecação em todas as formas.


Sem acatamento diante da alusão

Dona de si perante comunhão

Jamais dará ouvidos às normas.


André Anlub


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A Idéia quer Se Mostrar

Uma idéia na cabeça

Um corpo e otimismo

Não falta mais nada

Para chegar a lugar nenhum.


Tenho que por para fora

Explosão, realismo

Vou somar, multiplicar

Um mais um...


Quem tem põe, quem não tem passa a ter

Tem para mostrar, expõe...

Talvez esconda para ninguém ver


Uma idéia na mão

Tela, poesia, escultura

Não sou Rodin para chegar à perfeição.


Procuro sonhar, ponho para fora, realizar

Só se for agora...


Nunca serei um Van Gogh

Malfati, Bouguereau, Renoir.


Quero trilhar caminhos dos sonhos...

Dos alucinados pela arte...

Do melhor que posso dar.

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“Desabaflorando”

Hoje acordei perturbado, na verdade nem acordei

Nesse sucumbir, perdi a guerra, minha missão

Desarmado, “desamado”, sou um “não”...

Em um poço sem fundo, por dentro da lama, no fogo... Sou rei.


Reinando no ruim, posso tocar o céu

Pronunciar o som do amor, do ódio e da morte

Que tal ser a saliva ácida da besta... Ou até o mel

Da sangria desatada, que faz rios, sou o corte.


Fatos e revoluções habitam minha mente

Minh'alma quer ser livre, ela tenta novamente

Enxergo o que quero, quando e como quero.


Falo devagar, como um ébrio maldito

Faço citações de papiros do Egito

Crio rimas poéticas, jogo fogo em tudo... Sou Nero.


André Anlub

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Cheers


O berro, o bar e a brisa

O copo brusco que vai ao chão e não quebra

Um velho bilhar... E quando fico em sinuca...

É o velho frio na nuca.


O jukebox é disputado

Também o jogo de dardo...

Que tem uma foto amarelada,

do Sarney, toda furada.


Esse bar não abre nem fecha

É flecha sempre lançada

Pois o coração do poeta

Não seca, não se afoga... Não nada!


Absinto é homeopático

Cerveja cria uma grande barriga

O garçom pra lá de simpático...

Sempre serve uma dose extra

Com uma porção de lingüiça.


Temos que chegar diariamente

Com uma pequena prosa

Que fale de espinho ou da rosa

De um culpado ou inocente.


Com ela batemos o ponto

Sairemos só muito tonto

Chamando urubu de meu louro...

Deixando a freguesia contente.


Garçom, um Southern Comfort...

E um copo cheio de gelo

Aproveitando minha falta de zelo

Com meu fígado guerreiro.


Hoje trouxe do meu terreno

Colhi praticamente agora

Gostoso é feito na hora

Deixa o ébrio ameno.


O aipim não é brincadeira...

Tem mais alcunha que o poeta

Alguns conhecem com outro nome

Pode ser mandioca ou macaxeira.


Frito desce redondo

Cozido desce oval

Com uma cachaça de rolha

Entramos em um vendaval.


Hoje trouxe esse conto

Amanhã venho com outro

Vou para uma taberna

Uma prostituta me espera.


André Anlub

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Faz Valer

Porque nem sempre só há dor

em todas as praças, sorrisos,

em muitos lares, união....


De mãos dadas com seus filhos,

preparando, amenamente, nova prole.


Porque nem todos são só prantos,

alegres, tristes ou indecisos,

fazem do amor seu principal tempero...


Capital inicial, sua matéria prima,

espírito imortal.


Porque a poesia faz encanto...

dentro, ou fora, de paredes sólidas,

voando, sem perder as forças...


Pelo infinito mais belo.


André Anlub


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Sair, Saindo

Vou sair por este mar vagabundo

Onde não pode apoiar-se nas paredes

Nem no domingo se deita em uma rede

Só digo gritando que sou dono do mundo.


Olhando o céu sobre minha estrada

Vejo um futuro quase sem mágoa

Uma ablução com a beleza da água

Que bebo e utilizo de estada.


Mas se a imundice visitar-me

E com seu odor e despudor, encruar-me

Terei que refazer minhas malas.


Quem sabe em uma ampla casa eu viva

No horizonte da minha mente ativa

Que são, no dia a dia, minhas salas.


André Anlub



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Agradecemos pela leitura.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.