Acesso da Fantasia
Milhões de vozes me chamam
Atrozes escritores que banham
Terror e beleza de sonhos! Mensageiro nas portas
Comporto a inspiração derradeira
Tu és a única, esperança do divino
Fazes soltar tintas em papéis
Mas me engano ao pensar que perecerás
Pois sempre precede o silêncio da balbúrdia dos sinos!
Portas que tu abres chaves que nunca perdes
No engodo do fracassado, tu renovas, acordas a cada letra
Fazendo valer o som das trombetas
Trazendo harmonia as flautas que ergues.
André Anlub
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Livro do Mal
Foi a mais bela de todas
Vivia em seu castelo protegida por um dragão
Usava ouro, jóias e vestidos de seda
Ninguém podia lhe tocar a mão.
Era pintora e falava mais de dez idiomas
Sua voz era de um belo tom
Tudo de nada serviu
Pois de casa nunca saiu
Para expor o seu dom!
Passava o dia inteiro cantando e escrevendo em sua redoma
Já havia escrito mais de cem livros
Entre contos, prosas e poesias
Havia um que era exclusivo.
Um livro de poesias sobre a vida
Sobre ser o que nunca virá a ser
Falava sobre viver com várias saídas
Livre arbítrio para beber e comer.
Narrava a vida em Gomorra e Sodoma
Sobre vinhos e depravações
Subtrações que se revolvem em somas
Mostrava quase todas as emoções.
Mas o seu tempo foi passando
A velhice chegou
Sua pele foi enrugando
A demência lhe pegou.
Por fim morreu com seus escritos
Nunca o mostrou.
A verve que antes perdida
Surgiria agora como um mito.
As datas foram ocasião
Os livros que o passado deixou fora
Atualmente em uma escavação
Acharam essa biblioteca de outrora.
O mundo caiu em sobras
Sua escrita alguém publicou
Tal sombra do mal o devorou.
Não tinha asteróides nem cobras
Nem as previsões de sábios
É o puro armageddon de alfarrábios.
Embora seja só uma história
E o livro não tenha o menor dolo
Bebemos o vinho e comemos o bolo.
Tomando cuidado com a verve
Sabendo sempre o que lê
Com atenção no que escreve
Fazendo a escrita valer.
André Anlub
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SÓ MAIS UM SER
Dou mais uma chance a razão
Saindo do meu refúgio careta
Vago na galáxia dos incertos
Sem querer povoar nenhum planeta
Me lembro de uma época remota
Uma casca de ovo inquebrável
Por dentro um grande tesouro
Por fora muro branco sem porta
Sinto grande aperto no peito
Respeito o meu modo de ser
No culto a beleza, piso com despeito
Uma rosa, espinho do mal querer
Com singela venda de fogo
Fico cego, quente e vaidoso
Quando toca-me quebrando a casca
Me forma um homem de um feto formoso
Muito além de mais tudo
Obtuso, convexo e concreto
Um vampiro banguela na boca do mundo
Um ser feliz, alegre e incompleto
André Anlub
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Sem Limites
Absurdo é querer-te assim
Como um mendigo na chuva, querendo comida
Sentir a dor de cada segundo do tempo sem ti
Rosa sem florescer.
Falaste sujeira pra mim
Me pisaste, chorei
Te quero, cegamente, sem fim
Meu querubim, meu diabo.
Por vezes imploro perdão
Sem mesmo ter pecado, na cruz
Tu enfias os pregos em minhas mãos
Grito pra todos e tudo...
Te amo e te peço perdão.
André Anlub
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Eternidade da palavra
É surreal! Assim como a vida
Inspiração imaculada, poesias e uni versos
Abarcando campos, lagos e hipotéticas estórias
Curando cortes, desenhando e apagando feridas.
Sento-me a beira de um alto precipício
O crepúsculo gentilmente e sempre me acompanha
Pego o bloco, meu ofício de um todo fictício
Delineado, não há política tampouco barganha.
Inteligência não é democrática, nem deve ser
A pura verve, que nos toca o ser
Tornar-se-á estática e criação
Ao surgir de uma bela ave avermelhada
Remeteu-me a uma estrada, inventiva jornada
Que de pés descalços, sou um sheik, menino ou ancião.
André Anlub
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“Dialongamente” Falando
Podem chamar de ironia
Realidade ou fantasia.
Podem até me discriminar
Calar minha boca, mandar parar
Mas minha voz tem força
E digo que meu grito, poder
Não me enforcam nessa forca
Como?
Vocês não irão saber...
Podem começar um sermão
Pode ser que eu não durma
Sou mais forte que aparento
Sou mais leve que uma pluma.
Por vocês eu só lamento
Meu pranto irei sorver
Digo que não me adianto
Como?
Vocês não irão saber...
Podem me vendar os olhos
Costurar, apertado, meus lábios
Se disserem que são sábios
Podem jogar seus cérebros aos porcos.
Podem dizer que sou debochado
Direi que tenho armadura
Torturar-me-ão
Farão queimaduras.
Não sentirei o queimado!
Como?
Então irão saber...
Só digo que sou amado
E amando sigo a viver!
André Anlub
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