É logo ali o impossível;
siga a avenida do livre-arbítrio,
passe a rua do convencional
e dobre à esquina do inconcebível.
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2011 poemas
Olhos azuis de cegos
Jovem, bonita e mortal
Uma crônica cólica romântica pode até ser fatal
Mas para corações fracos e desprotegidos
Quase todos que há.
Ela deixa o sujeito de quatro, febril e sem norte
Clamando pela morte sob o ataque juvenil
Em um labirinto do fauno, entregue a própria sorte
“A inocência tem um poder que o mal não pode imaginar”.
Quando se alcança uma idade avançada há uma predisposição
Uma espécie de paixão pelas coisas mais novas
A luxúria de cunho sexual e erótico movido pela imaginação
O que foi rima vira verso, o que foi verso torna-se prosa.
O poder da juventude é efêmero e nada discreto
Existe o enorme preconceito pelo ultrapassado ou velho
A pureza do novo, que ante visível, assim não é mais reta
Sinuosa estrada que no final volta ao seu início.
Nas margens do caminho há no limite o precipício
O verdadeiro mergulho na vaidade não tem volta ou arrependimento
Faz uma vida de angústia, um ímpio no hospício...
Que vaga por orifícios das seringas de rejuvenescimento.
Enche com silicone os egos
As amarguras com cimento
Vê-se no espelho por um momento...
Com olhos azuis de cegos.
André Anlub
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Concubino erudito II
Chegou manso,
com aquele papo de ouro
conquista, envolve e absorve.
Se não deu, dá um tempo
e tenta de novo
naquele clima fresco,
aquele vinho bom
lareira acesa
e sentimento em “blow”.
Se já há resposta, atividade!
Com responsabilidade faça de jeito
e de bom-tom.
Vejo o futuro: - a mulher grávida
caminhando na praia
saia rodada
e imensa vontade
de estar numa festa cálida.
(pagã)
Para quebrar a leitura
aumento essa coisa fútil
dispensável, absurda
cega, surda e muda
com esse parágrafo inútil.
Volto ao conquistador barato
réu com popular palavreado
engomado, com a boca que dança
ao som da goma de mascar.
O ser mascarado
de louco disfarçado
fazendo crueldade.
Escreve livros invisíveis
Irrisórios (de matar)
sem fim (há de acabar)
e até mesmo sem finalidade.
Por fim surgem infinitos demônios
sem nomes nem rostos
sem breves e longos amores
surgem só para lhe buscar.
Agora vemos as dores
que somem, longe
e deixam os motores
que impulsionam o viver.
É só mais um dia
vida e coração.
Visão apaixonada
do fluxo, sangria
e adoração.
Não há mais a dizer
só abra os olhos
e permaneça amando.
André Anlub®
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Flecha estimada
A flecha sai sem perigo
Mas atinge certeira o peito
Faz da idolatria o seu jeito
Não há escudo ou abrigo.
Empíreo foi miragem da vida
Largando as inúteis tristezas
Erguendo o amor, realeza
Tem-se ausência da ferida.
Com rugas da concupiscência
Transforma a paixão em excelência
O calor mais ameno agora.
Consorte na alma e espírito
Sussurro que se trocou pelo grito
Velando o amor que aflora.
André Anlub
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Pelas marés II
Será doce despedida – sou descobridor
Afago amargo - sou nauta do amor
De repente um metediço Fenício
Em minha galé de imaginação e ofício.
Por dentro de tempestades – calor e frio
Mesmo sem bússolas - cem ondas gigantes
Convicto e forte, sustento meu brio
As marés e as luas são belas amantes.
Sobra abaixo o mar e acima o céu
Meu coração é um barco de papel
Sei que jamais nada será calmaria.
Mesmo em perigo eu clamo batalha
Se não está a contento, puxo a navalha
Corto nossos laços, futura vida sombria.
André Anlub
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Falho
Falho se tentar ser coerente
Se o real sentimento vem à tona
Quebra qualquer elo de corrente
Fagulha que se transforma em vulcão.
Falho se falsificar emoção
Escrito nas estrelas e na testa
Falácia que grita sem noção
A verdade é sempre o que resta.
Falho se não doar meu total afago
Cito as mentes balzaquianas
Tendo experimentado o amargo
São novas “Amélias e Joanas”.
Falho se achar que nunca falho
Pois sou de carne e de osso
Emoção acima do pescoço
Coração aberto com talho.
André Anlub
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