Sopro
Fica tão óbvio, mas por que não falar de amor?
Ópio que entorpece o que se lembra, o que se esquece,
Faz do momento um próprio vício bom de eternidade.
Fica tão certo quanto à foice e o martelo:
Limpa a selva e crava o prego na construção da casa.
Muitas vezes um intenso fogo queima tudo e todos,
Na maldição do tempo que deixa cinzas ao vento.
O ontem já foi – sopro ido; correu ligeiro e cabreiro;
Como já foi o que antes o ontem alimentou...
Hoje resta o ranço da fanhosa fome de hoje;
Fica tão hoje o desejo de repetir o que passou.
Si paisible a criança que desce o escorrega,
Calhando segura em segundos – sua alegria.
Homens correm suas vidas, essas que não tiveram;
Correm, não vivem e às vezes enricam e choram...
Nunca alcançam suas auras, o sopro que já se foi;
Seguem deprimidos, em comprimidos infelizes...
Nem notam que jazem correndo, na utopia vazia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradecemos pela leitura.