Dueto da tarde (XLVIII)
Ad-mirado, ad-acertado. E fim de papo - pra início de conversa.
Gente à beça com a cabeça rente na frente da travessa olhando, querendo participar na pressa, na afobação.
Ad-jacentes, conjecturas. E início do papo – pra finalizar o tempo vago.
Sentamos, observamos, conversamos: conservamos o que os anos nos deram, com incondicional paciência estudamos o que somos para encarar o que não se espera.
Uma longa espera, uma longa fila se forma – de esperas – para entrar no assunto, para ter assunto, para assuntar também; no vai e vem do vento, frio, no inverno o invento do intento de viver e esperar por ninguém.
Ad-mirado, ad-acertado: alvo fácil da ad-miração precisa, inescrupulosa, que invade o terreno da impertinência, sem clemência – beirando a loucura, beijando a decadência.
Sentamos para conversar, consentimos para conservar e a busca do centro do centro, do âmago do âmago faz renascer velhas ideologias, amadurecer antigos versos e canções que molham os olhos.
Este é o alvo e a flecha se compraz com prazer, acerta, perfura e cura seus males, nos faz navegar em outros mares, encontrar novos lares e curtir/carpir/admitir a ad-miração de viver.
Rogério Camargo e André Anlub
(28/1/15)
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