Publicação by BBC Brasil.
Balé dos estorninhos
(André Anlub - 14/10/13)
Vá falar aos quatro cantos
Desse enorme mundo vadio,
Fale logo, vá!
Fale aos ouvidos trancafiados,
Cimentados e mal acostumados.
Grite com todo o pulmão,
Todas as forças,
Até se esvair o ar.
E aquela velha inocência descabida?
Deixe-a ir:
Já estava sufocada com sua maturidade,
Com seu desenvolvimento e sucesso,
Com o balé dos estorninhos.
Os passos largos, de gigantes dinossauros, são seus;
As impurezas das palavras
Impensáveis nunca existiram;
O seu barco naufragado é passado,
Ou pode até ter sido um sonho;
Ria, pois com o mar é casada
E vive à vontade com os golfinhos.
E agora rebobinou sua idade ao azul bem vasto,
Fixado no fundo da sua íris.
Poderá observar os loucos abutres
Que voam por cima de um extenso deserto
Deixando a sombra de rastro,
Com a sede e a fome,
Que os escoltam de perto.
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