Para Sylvia
(André Anlub - 15/4/12)
Abra a porta e deixe a felicidade entrar,
Conte à ela toda sua vida e suas histórias,
Fale de suas amarguras e vitórias...
Convide-a para um chá, temos pão integral e frutas.
Que tal a deixarmos recitar um poema seu?
Fazer desse momento aquele que nunca se esqueça:
- Vamos Sylvia, então escolha você...
Assim, de repente,
Sumimos para além dessa redoma de vidro,
Para longe de uma coação em sua cabeça.
Diga em voz alta, exponha o que lhe faz falta!
- Abram todos, todas as janelas,
Se for repressão ou depressão...
Ainda não está fenecida.
- Faça as pazes com a vida,
Invente que escrever é sua mazela.
- Coloque mais um prato na mesa,
Mais lenha na lareira,
Ajeite a cama...
A alegria quer ficar.
- Sylvia, não se vá...
As letras já estão em prantos.
Todas as pessoas que foram seus sufrágios,
Agora estão deitadas
Em posição fetal,
Com olhos encharcados...
Olhando o além,
Com suas poesias em mãos,
Vivenciando o quão a vida é fatal,
Descobrindo que nem a morte é em vão.
(e nos tempos atuais...)
Presente muitas vezes em meus sonhos,
Com a alcunha de Victória,
Sempre longa fábula de final feliz,
Quimera de uma escritora
Que também é atriz.
Passeando em pensamento,
Sendo lida ao relento,
Denotando em aforismos,
O seu mundo em fartas folhas
Na cabeceira do surrealismo.
Segue mãe:
- imponente e linda.
Colosso na exposição dos sentimentos.
Por dentro estrutura abalável,
Sensibilidade inimaginável.
Os rebentos amparados,
Longe das asas da mãe...
O fim já anunciado
Pelos martírios de viver.
Sua escolha
Infindável branca folha,
Jamais entenderão, jamais...
O que seria seu bel-prazer.
Trinta anos são tão parcos,
Para uma rainha na imortalidade.
Temos que carregar os fracassos
Com a incumbência de pisá-los.
O dito “Efeito Sylvia Plath”...
Muitos poetas carregam no cerne...
Não está pertinente a perder:
- É somar o muito além do que há.
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