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Para Sylvia
Abra a porta e deixe a felicidade entrar
Conte a ela toda sua vida e suas histórias
Fale de suas amarguras e vitórias
Convide-a para um chá;
Temos pão integral e frutas.
Que tal a deixarmos recitar um poema seu?
Fazer desse momento aquele que nunca se esqueça
Vamos Sylvia, então escolha...
Assim, de repente,
Sumimos para além dessa redoma de vidro
Para longe de uma coação em sua cabeça.
Diga em voz alta, diga à vida,
Exponha o que lhe faz falta;
Abram todos, todas as janelas,
Se for repressão ou depressão...
Ainda não está fenecida...
Invente que escrever é uma mazela.
Coloque mais um prato na mesa
Mais lenha na lareira e ajeite a cama...
A alegria quer ficar.
Sylvia, não se vá...
As letras já estão em prantos,
O sol fez crescer a grama.
Todas as pessoas que lhe abraçaram
Agora estão deitadas em posição fetal,
Com os olhos encharcados...
Olhando o além, com suas poesias em mãos,
Vivenciando o quão viver intensamente é fatal
Descobrindo que nem a morte é em vão.
Presente muitas vezes nos sonhos
Com a alcunha de Victória
Sempre longa fábula de final feliz
Quimera de uma escritora que também é atriz.
Passeando em pensamento
Sendo lida ao relento
Denotando em aforismos
O seu mundo em fartas folhas
Na cabeceira do surrealismo.
Segue mãe, imponente e linda,
Colosso na exposição dos sentimentos...
Por dentro adorável menina,
De estrutura abalável
Sensibilidade inimaginável.
Os rebentos amparados, mas longe das asas da mãe,
O fim já anunciado pelos martírios de viver.
Sua escolha pro futuro foi perene branca folha
Jamais entenderão o que seria seu bel-prazer.
Trinta anos são tão parcos
Para uma rainha da imortalidade...
Temos que carregar os fracassos
Com a incumbência de pisá-los.
O dito “Efeito Sylvia Plath”...
Que muitos poetas carregam no cerne,
Não está pertinente a perder
É somar o muito além do que há.
André Anlub
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