"PERGUNTA: Leio o Buda porque esta leitura me ajuda a pensar claramente a respeito dos meus problemas; e também vos leio e a uns poucos mais, para o mesmo efeito. Pareceis dar a entender que toda ajuda desta natureza é superficial e não produz transformação radical. Isto é apenas uma sugestão casual da vossa parte, ou quereis indicar que existe algo muito mais profundo, que não pode ser descoberto pela leitura?
KRISHNAMURTI: Ledes para obter ajuda? Ledes com o fim de confirmar vossa própria experiência? Ledes para entreter-vos, para dar a vossa mente, esta mente sempre ativa, um pouco de descanso? Diz o interrogante que lê, porque isso o ajuda a resolver os seus problemas. Recebeis realmente ajuda pela leitura, seja quem for o vosso autor? Quando saio em busca de ajuda, sou ajudado? Talvez encontre um alívio temporário, uma fenda momentânea, por onde possa vislumbrar o caminho; mas, por certo, para encontrar ajuda, tenho de entrar em mim mesmo, não achais? Os livros podem dar-vos instruções sobre como deveis proceder para chegar à porta que leva à solução dos vossos problemas; mas vós tendes de andar, não é verdade?"
"Não acha o senhor que uma alta sensibilidade torna a pessoa emotiva?
Krishnamurti: Que mal há na emotividade? Quando vejo essa gente infeliz vivendo na miséria, eu sinto muito. Será isto errado? Não há nenhum mal em nos comovermos com a esqualidez, a pobreza à nossa volta. Você também se sente fortemente atingido quando alguém fala mal de você. Como reage quando lhe acontece isto? Sua emoção o fará bater no outro? Ou esta sensibilidade, esta emoção o tornará atento ao que vai fazer? Se houver um intervalo antes de sua reação, e você observar as coisas, se for sensível ao que ocorre, então, nesse intervalo, surge a compreensão.
Propicie esse intervalo e, durante ele, comece a observar. Se estiver integralmente cônscio do problema, haverá ação instantânea e esta será a ação correta da inteligência."
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