Rabisco sem nome
Para o surrealismo brasileiro,
O único Salvador que eu confio é o Dalí.
Conforme a idade avança,
A trama da peneira vai ficando menor.
Saímos do irracional e do voo de Ícaro
E adotamos o uso de mais lógica e pés no chão.
Amar é lindo, sem dúvida,
E colore os dias ter amor para viver...
Mas há de se ser mais zeloso com si próprio
Pois não há mais tempo a perder.
Dança a medusa, por dentro dos oceanos,
Com sua beleza insinuante e perigosa.
Num viver obtuso, segue solitária e misteriosa.
Vai meu conforto no contorno de uma folia,
Que abraço com meus escritos, dia após dia.
É tudo, senão a realidade que não aceita mais sobejos.
Descobri-me, podei-me, me conheci e me desejo...
E em todos os sentidos perdi peso.
Um conselho é um conselho,
Mas às vezes soa como um berro...
Que lustra fatos passados e que nos distrai de atos recentes – vácuo.
Enfim, cai-se na armadilha de passar verniz na parte de baixo do taco...
Então se cria uma alva bola de neve,
De nuvem,
De névoa,
De nervos e de erro.
Não há razão,
Mas há sonho perambulando a memória recente.
É bom,
Pois o ritmo da vida quer e requer distração.
Olho-me com gosto no espelho
E vejo que a cicatriz da testa ficou mais evidente...
Sinto que poderia até sentir-me um demente,
Mas como me conheço e é de lince minha visão,
Permito-me criticar-me,
Dar-me, ou não, razão.
Colocaram mudas já crescidas de Léia rubra,
Na varanda da imensa casa verde à frente.
O cão, o Tony, um labrador caramelo,
Passeia de um lado ao outro contente.
A vida segue, e eu sigo nela,
Sou sentinela dos meus feitos.
Costuro a mão meus farrapos,
Coloco tinta na aquarela.
André Anlub
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