Estão nos planos os santos de barro
Tem sarro por debaixo dos panos
Clamam alto para nós que somos insanos
Na cruz em chamas vai que um dia me amarro.
Vagueando por claras crenças
As prensas apertando o miolo
Escuridão de densas indiferenças
No preconceito não se reparte o bolo.
A poesia - carro-chefe da vida
Pula pelos corações inflamados
Cutuca, grita e devora
Delibera-se nos canteiros que aflora
Corrente casta invisível.
Do atual lirismo à nostalgia inerente
Em serenatas e poesias
Faz-se mais que presente.
Magnificência da obra
Um sujeito que só respeita o dinheiro!
- Falem mal da mãe e do pai dele,
Mas não peguem suas moedas no cinzeiro.
Ah! Essa vida provisória...
Mesmo no abismo num cisco,
na simplória história,
deixa-me lisonjeado e extasiado
pela dada oportunidade
– aventura – vitória.
Insano subir e descer de escadas,
abrir e fechar de portas,
corriqueiras correntezas
no desvairo das incertezas,
desaguam nas represas da esperança.
Mesmo que o tempo seja curto,
que o circuito entre em curto,
a vida é um admirável absurdo
na incansável eternidade da andança.
Deixe o mistério ser sua sombra,
verso amigo, pleno e sobra.
Ninguém nunca saberá tudo,
tampouco um pouco que seja,
sobre a magnificência da obra.
André Anlub
"Quem garante que a História
É carroça abandonada
Numa beira de estrada
Ou numa estação inglória
A História é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue
É um trem riscando trilhos
Abrindo novos espaços
Acenando muitos braços
Balançando nossos filhos"
(Chico Buarque)
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