Algumas histórias
(André Anlub - 12/02/12)
Cheiro de madeira queimada,
Na ponta dos espetos - salsicha e queijo
Sicrano tocava um blues na viola
E eu tirava um som da minha velha gaita.
Fulana cantava melodiosamente no ritmo,
Enquanto Beltrano arrepiava nas latas de Nescau.
Os animais, com o barulho, já haviam corrido,
Era uma calma e bela noite logo após o Natal.
O show já estava frenético e sem rumo,
Vaga-lumes embriagados rodeavam o local.
Em uma nuvem se escondia a lua minguante
E não havia qualquer luz artificial.
Na sombra da fogueira imagens curiosas
Dançavam com a música nas árvores e arbustos.
Deu-se uma imagem sombria de um corvo,
Logo se transformou em uma flor formosa.
São momentos inesquecíveis na mente
Que nem mesmo o garrafão de vinho conseguiu apagar,
Transformadas anos depois em alguns versos e prosas
E essa história ocorreu em Visconde de Mauá.
Depois retorno para falar das cachoeiras...
Ah, as cachoeiras...
Parte II
(2/3/12)
Estava cá com meus botões,
Rememorando velhos bordões.
Pensando em épocas remotas,
Concupiscências e efígies mortas.
Lembrei-me de amores perdidos,
Esquecendo-me de dores achadas,
Pessoas que foram imaculadas
E demônios travestidos de amigos.
Recordo dos conhecidos porteiros
Nas calçadas com seus banquinhos,
Sentados o dia inteiro
Ao lado dos seus radinhos.
Vozes agudas dos rádios a pilha,
Diversão do seu dia a dia,
Hoje atrás de grades e guaritas,
Entregues a sorte e a morte,
Sem segurança...
(à revelia)
Lembrei-me das ruas sem movimento,
Que serviam de campo de futebol.
A ausência maciça de lamento,
Para todos nascia o sol.
O gol feito de chinelos,
A bola “dente de leite”,
Seguia torta em caminhos retos,
Felicidade que compunha a gente.
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